Cotidiano

Renan consulta partidos para tentar votar nesta terça projeto de abuso de autoridade

Renan CalheirosBRASÍLIA ? No auge da fervura política provocada pela delação do executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e aliados do PMDB estão desde ontem à noite buscando votos para tentar votar, ainda nesta terça-feira, o projeto que pune crimes de abuso de autoridade, com foco na atuação de juízes e promotores.

Ao final da votação da PEC do teto dos gastos hoje, Renan avisou que votaria tudo que estivesse na pauta, e o relator da matéria, Roberto Requião (PMDB-PR), confirmou que ele o avisou que botaria seu parecer em votação ainda hoje. Como é projeto de lei, não é necessário quórum qualificado, mas o líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO), tentará aprovar em plenário requerimento de sua autoria para extinguir a urgência.

O líder do PT, senador Humberto Costa (PT-PE) disse ao GLOBO que foi sondado ontem e hoje para saber se ele garantia os votos do PT. Ele respondeu aos emissários de Renan que os senadores de seu partido querem aprovar o projeto, mas só vão ?colocar a cara? se ele garantir o voto de 41 senadores, o que ainda não tem.

? Fomos procurados duas vezes e continuamos defendendo a aprovação do projeto de abuso de autoridades. Se for votar, vamos votar a favor, mas desde que tenha voto garantido de 41 senadores. Não queremos ficar sozinhos. O PSDB, que está com o japonês batendo a sua porta, diz que não vota. Eles querem que aprove, mas não vão botar a cara. Nós só que vamos botar a cara e nos desgastar? ? disse Humberto Costa.

Se o Senado votar hoje, a Câmara pode votar o projeto que, segundo procuradores da Força Tarefa é um tiro no coração da Lava-jato, antes do recesso que começa sábado. O líder do governo, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), acha difícil uma votação a toque de caixa, já que existem muitas emendas, inclusive a chamada emenda Sérgio Moro, que ele subscreveu e acaba com o chamado crime de hermenêutica ou de interpretação da lei.

? Uma matéria complexa como essa receber pareceres de plenário, na hora, acho muito temerário ? disse Aloysio Nunes.