Cotidiano

Quarto ano de ?Orange is the new black? mostra a privatização da cadeia

OITNB_4111103_03784_R1.jpgNOVA YORK ? Alex Vause sempre tirou Laura Prepon da zona de conforto. Já Laverne Cox revela não ter se sentido nem um pouco à vontade ao gravar a cena em que sua Sophia Burset é espancada. Se ?Orange is the new black? não é exatamente fácil para as atrizes, a trama do quarto ano da série, disponível a partir de hoje na Netflix, causará desconforto também nas prisioneiras de Litchfield. Afinal, como foi visto na temporada anterior, ônibus abarrotados de presas chegam à cadeia, agora privatizada.

? Litchfield está movimentada como jamais esteve. Todas lidam com problemas que vão surgindo, mas agora com bem menos espaço ? conta Taylor ?Piper Chapman? Schilling, a protagonista, em Nova York, em outubro.

A parte boa, Laura, Laverne e Taylor dizem, é saber que a série é a de maior audiência da Netflix, como as atrizes comemoraram (o serviço não revela números) em evento para a imprensa realizado em Los Angeles, em janeiro. Nas telas, porém, a transexual Sophia vai continuar comendo o pão que o diabo amassou, confinada em uma solitária e sem sua marcante cabeleira, após ser espancada.OITNB_4040729_01858_R.jpg

? Não fiquei confortável em ser agredida fisicamente, mesmo que na ficção. Para mim foi real, já sofri violência, e essa é uma questão imensa na comunidade trans ? conta Laverne. ? E agora vamos lidar com as implicações do capitalismo dominando Litchfield e a corrupção decorrente disso. Acho que esse é o motivo para a série fazer tanto sucesso. Vamos mais uma vez mergulhar em problemas reais de uma prisão.

Mas, segundo Laura, ?OITNB? não foi pensada para levantar bandeiras. Segundo ela, a criadora Jenji Kohan trabalha de forma natural, baseando-se em relatos das reais inspiradoras da história, como a ex-patricinha-presidiária Piper Kerman, e de outras prisioneiras:

? Não acho que Jenji faça isso de caso pensado. Ela apenas conta histórias que caibam nos personagens e, nessa série, a gente lida com sexualidade, questões de gênero. Só por isso, acho que já ajudamos a espalhar uma mensagem. Sabe a galinha mágica da primeira temporada? Vai ter algo parecido. A prisão é um lugar meio surreal, né? Esse tipo de pequeneza se transforma na vida de uma pessoa que está presa. Os detalhes ganham proporção enorme

Laverne garante que essa temporada será mais ?intensa?, mas sem perder a leveza que colocou ?Orange is the new black? no centro de uma polêmica e fez até o Emmy, mais importante premiação da TV americana, mudar suas regras. Nos primeiros anos, a série disputou como comédia, gênero considerado mais fácil de vencer, enquanto a briga entre dramas (onde a história, por ter episódios com mais de 30 minutos de duração, foi obrigada a se encaixar) costuma ser mais acirrada.

? Mantivemos aquele humor meio bobo, aquele tom meio bizarro, que mal consigo descrever. Sabe a galinha mágica da primeira temporada? Vai ter algo parecido. A prisão é um lugar meio surreal, né? Piper Kerman contou ter ficado obcecada por um grilo que cantava, afinal, ela estava sem muito no que focar. Esse tipo de pequeneza se transforma na vida de uma pessoa que está presa. Os detalhes ganham proporção enorme.

Detalhes tão pequenos como os que permeiam o conturbado relacionamento de Piper Chapman e Alex Vause, mas que viram coisas grandes demais.

? Minha Piper vai continuar desafiando seus limites e questionando o que está por trás deles. Ela está alcançando novos níveis de frustração e confusão, e isso vai ter consequências ? diz Taylor.

? Nunca há um momento chato na relação das duas ? completa Laura. ? Elas se apaixonam, se odeiam, veem que precisam uma da outra, mas então começam a se torturar. Nunca para. As duas terão que lidar com muita coisa separadamente, veremos como a relação atravessa isso.

Trailer da 4a temp de Orange is the new black

* Liv Brandão viajou a convite da Netflix