Cotidiano

Produtores ocupam usina para acelerar negociações

Os agricultores se reuniram no início da manhã de ontem na comunidade de Marechal Lott e, depois de uma rápida deliberação, decidiram invadir a hidrelétrica

Capanema – Cerca de 300 agricultores ligados ao MAB, o Movimento dos Atingidos por Barragens, ocuparam ontem pela manhã o canteiro de obras da Usina Baixo Iguaçu, em construção entre os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques. Os produtores não se conformam com a suspensão, na última terça-feira, de nova reunião que havia sido agendada com o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu para tratar das indenizações das terras que serão ocupadas pelo empreendimento.

Os agricultores se reuniram no início da manhã de ontem na comunidade de Marechal Lott e, depois de uma rápida deliberação, decidiram invadir a hidrelétrica. Não houve resistência. A polícia foi chamada e acompanhou toda a movimentação. “Conversamos com os manifestantes e a orientação de que o ato fosse pacífico foi atendido”, disse o Tenente César em entrevista à rádio Hawai, de Capitão Leônidas Marques. Há cerca de três anos as famílias de atingidos e o Consórcio tentam definir preços de indenizações considerados adequados e justos às partes.

Direito de reivindicar

O padre Antonio Teixeira, de Capanema, acompanhou o ato de ontem e afirmou que os agricultores devem reivindicar os seus direitos. “A manifestação é legítima porque eles lutam para receber pelas suas terras e benfeitorias, que duramente conquistaram. O que não pode é não exigir e correr o risco de não ser indenizado, como já ocorreu em outras regiões do Brasil em empreendimentos semelhantes”, lamenta o religioso.

O agricultor Odair Cemin informa que as famílias já estão cansadas da longa espera. “É uma agonia que parece não ter fim. Aqui não tem bandido ou oportunista. Só queremos receber pelo que é nosso. Quando a empresa vier com uma proposta séria, então esse transtorno todo acabará”, afirma, dizendo que todos são a favor da obra. O assessor de comunicação do Consórcio, Constantino Kotzias, informa que a empresa sempre manteve o diálogo. “Os procedimentos estão em curso e a preocupação do consórcio é de chegar a preços justos, com parâmetros no mercado”.

Sobre o cancelamento da reunião da última terça-feira, Constantino afirma que ela não ocorreu devido os estudos técnicos dos ajustes necessários à negociação ainda não estar prontos. A Usina do Baixo Iguaçu está contemplada no PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento. O investimento é de R$ 1,7 bilhão e a previsão é de que fique pronta em 2018. Em funcionamento, terá capacidade para gerar energia suficiente para atender um milhão de consumidores.