Cotidiano

Produtores de soja temem prejuízos por conta do excesso de chuva

Devido ao mau tempo, sojicultores não conseguem aplicar veneno nas lavouras

Cascavel – A Expedição Safra passou por Cascavel ontem para levantar as condições de como estão as lavouras de grãos de soja cultivadas nos municípios do Oeste paranaense. Mesmo com chuvas acima dos 80% previstos para todo o mês de novembro, segundo a coordenação do projeto as lavouras de soja não tiveram ainda fortes alterações, mas alguns produtores rurais sofrem com a falta da aplicação de agrotóxicos para impedir a proliferação de doenças devido ao excesso de umidade, por conta do fenômeno El Niño.

“Mesmo onde houve replantio das sementes perdidas pelo excesso de água, as plantas se desenvolvem bem, mas estão de 10 a 20 centímetros mais baixas que o esperado. Mas nem por isso o potencial da soja diminuiu, pois as plantas baixas podem ter carga de grãos considerável”, explica o coordenador da expedição, José Rocher.

No entanto, se as chuvas continuarem constantes, a preocupação é com proliferação de fungos, insetos, lagartas e principalmente a ferrugem asiática.

“Com muita água vinda do céu, a maioria dos produtores está com pelo menos uma semana de atraso nas aplicações de fungicidas, inseticidas e herbicidas. A presença do sol é muito importante para o florescimento e formação das vagens dos grãos”, ressalta Rocher.

É o que afirma o sojicultor Dirceu Kehrwald, que cultivou 200 hectares da oleaginosa.

“Ainda não sabemos quanto teremos de prejuízos com tanta chuva. Estamos atrasados com as aplicações de veneno e o nosso medo é que as flores das vagens caíam e os fungos ataquem”, frisa o agricultor.

Preço em alta

Em relação ao mercado, com a desvalorização do real a soja vem ganhando melhor preço. Os produtores já venderam entre 20% a 30% da safra e tendem a esperar novos aumentos no preço da saca.

“Se os preços ultrapassarem novamente a barreira de R$ 70 por saca – hoje em boa parte está sendo comercializada a R$ 65 -, o mercado terá um novo estímulo. Neste momento, o produtor brasileiro registra alta de preço em relação ao ano passado, o câmbio da moeda norte americana tem ajudado muito na valorização”, acrescenta Rocher.

A avaliação a campo de todo o Estado será analisada nos próximos dias e um balanço geral será apresentado até o fim do mês. Somente no Oeste, estima-se 680 mil hectares de lavouras de soja cultivadas, 2% a mais que em 2014.