Cotidiano

Pedidos para o seguro desemprego caem 21% na Agência do Trabalhador

Mudanças no benefício e baixa rotatividade são os motivos da queda

Cascavel – Quem ia à agência do trabalhador e encontrava cerca de 500 vagas todos os dias, se depara hoje com no máximo 150 oportunidades, uma queda brusca de 70%. O empregador está mais cauteloso e a situação reflete diretamente na rotatividade das empresas, que conforme a gerente da Agência do Trabalhador de Cascavel, Maristela Becker Miranda, diminuiu bruscamente.

“Só os frigoríficos, por exemplo, ofereciam até 150 vagas por dia, hoje oferecem no máximo dez. E quando questionamos se o motivo é porque estão produzindo menos, eles explicam que a produção é a mesma, mas que a rotatividade de funcionários parou”, explica Maristela.

O fato é também consequência da série de mudanças nas regras do seguro desemprego, que tinham como objetivo diminuir os custos dos cofres públicos com o benefício.

Desde março, quando a mudança entrou em vigor, foram feitas 7.189 atendimentos ao seguro desemprego, sendo que destes, 4.951 foram habilitados. No mesmo período do ano passado, haviam sido 9.046 atendimentos de seguro desemprego, sendo que 7.475 foram habilitados.

“Os trabalhadores estão compreendendo que este não é um momento para arriscar e procurar um novo emprego. Além da dificuldade de encontrar uma nova vaga, ele provavelmente ganhará um salário inferior”, alerta.

Se antes o trabalhador precisava de apenas seis meses de trabalho para solicitar o seguro, agora este prazo passou para 12 meses, quando solicitado pela segunda vez.

“Tivemos casos, por exemplo, de gente que veio de Curitiba fazer a solicitação do seguro desemprego aqui, porque lá o agendamento demoraria mais de um mês”, diz.

Maristela afirma que os setores que mais contratam são o de serviços e o comércio.

“A construção civil, seguido da indústria foram os que mais demitiram”.

Diariamente a agência recebe cerca de 250 pessoas, destas, pelo menos 60 são para o seguro desemprego.

“O restante é de intermediação de mão de obra”.

E é este último item que preocupa Maristela.

“Teve um dia em que atendi 13 pessoas, destas, cinco simplesmente não tinham vaga. Ou por que tinham sido motoristas ou pedreiros a vida toda e não sabiam fazer outra coisa”, lamenta.

Haitianos

Conforme o vice-presidente da associação que representa os haitianos em Cascavel, Marcelin Gerffrad, os caribenhos já somam em Cascavel 2.849, 500 estão desempregados. Segundo Marcelin, os frigoríficos foram os principais responsáveis por estas demissões.

“Alguns frigoríficos estão cheios e têm outros que não oferecem mais vagas para estrangeiros”, diz.

Com isso, ele conta que muitos buscam emprego nas cidades vizinhas. Como Marcelin fala português fluentemente, ele fica responsável pelo auxílio na tradução entre imigrantes haitianos e as empresas contratantes.

(Com informações de Nathalia Lehnen)