Cotidiano

Parte de duplicação para e outra está ameaçada

Empreiteira já demitiu trabalhadores; frente de trabalho de Cascavel a Marmeleiro não é garantida

Capitão Leônidas Marques – As duas grandes obras de infraestrutura que recebiam recursos do governo federal na região oeste do Paraná, inclusive lançadas diversas vezes por deputados e senadores interessados em aparecer na foto, estão com os dias contados.

São duplicações em trechos diferentes da BR-163. O primeiro deles, conforme já adiantado pelo Jornal O Paraná, diz respeito a 38,9 quilômetros no percurso que liga as cidades de Toledo e Marechal Cândido Rondon. A Construtora Castilho, responsável pela obra, até já demitiu nesta semana os trabalhadores que atuavam nos canteiros, mantendo apenas os vigias.

A justificativa é a falta de recursos enfrentada desde 2015 e sacramentada pela decisão do governo federal em cortar R$ 7,5 bilhões do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento). A obra é uma das incluídas nesse corte. A Superintendência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no Paraná tem sido procurada pela reportagem de O Paraná mas não presta as informações solicitadas.

Do lado Toledo-Marechal, a duplicação deveria ser liberada para tráfego em outubro próximo. No entanto, apenas seis quilômetros foram pavimentados e ainda estão inacabados. Na construtora, ninguém quis se manifestar sobre o assunto, mas a reportagem apurou que, dos R$ 306,5 milhões previstos para a duplicação, foram liberados até agora apenas 13%. Neste ano, de janeiro a julho, o dinheiro enviado foi suficiente apenas para a realização de serviços essenciais como roçadas e terraplanagem.

Outro percurso

Bem mais adiantado que o trecho Toledo-Marechal, a duplicação entre Cascavel e o Distrito de Marmeleiro, em Capitão Leônidas Marques, também está ameaçada. A extensão de pista dupla chega a 73,4 quilômetros com investimentos iniciais de R$ 579 milhões.

A reportagem de O Paraná percorreu o trecho nessa quarta-feira. Foi apurado que 18 quilômetros estão em fase de acabamento e prontos para serem liberados para o tráfego. Agora a frente de trabalho atua em 45 quilômetros e em parte desse trecho os serviços estão bem adiantados, com pavimentação asfáltica já concluída e muitos trechos prestes a receber a pavimentação. Em um trecho entre Lindoeste e Santa Lúcia os trabalhos estão em ritmo acelerado. Ali havia dezenas de profissionais e muitas máquinas operando, mas no canteiro a palavra de ordem é cautela.

Medo de parar

O temor tanto dos profissionais quanto do consórcio que realiza os serviços de duplicação da BR-163 entre Cascavel e Marmelândia está da falta de recursos para o empenho da próxima etapa. O apurado pela reportagem dá conta de que a verba liberada para o trecho em execução estaria quase no fim e que novas liberações não vão ocorrer. Este percurso também está no PAC. Essa liberação era esperada para os próximos dias.

A reportagem procurou a Superintendência do Dnit e, por telefone, a assessoria disse que não tem novidades sobre os trechos e que a dispensa dos profissionais entre Toledo e Marechal Cândido Rondon não representa necessariamente que as obras vão parar e que ainda é esperada a liberação de R$ 49 milhões para dar sequência aos trabalhos, a partir do aval do Congresso Nacional.

Quanto ao trecho entre Cascavel e Marmeleiro, a assessoria do Dnit disse não saber se os trabalhos vão parar. Outros questionamentos foram feitos à superintendência, como qual é o percentual dessa obra já executado e qual o valor dos recursos já liberados, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.