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Parque Olímpico tem 'Uber pirata'

RIO – Como se não bastasse o assédio de cambistas o entorno do Parque Olímpico agora está tomado agora por motoristas de “uber piratas”. Pessoas que se identificam como moradores que tiveram seus carros particulares credenciados pela prefeitura para poder circular pela área e chegar a suas casas sem vínculo direto com o aplicativo, estão oferecendo serviços de lotada principalmente durante a noite, cobrando em dinheiro valores que chegam a ser três vezes maiores que os praticados pelos taxistas que seguem a tabela oficial.

Uber – 09/08O esquema foi constatado por um repórter do GLOBO ao ser abordado por um dos motoristas na noite de segunda-feira na Avenida Embaixador Abelardo Bueno do lado oposto às instalações. O motorista pirata perguntou para onde o repórter ia e respondeu que faria a corrida para o Recreio por R$ 60 em dinheiro, o dobro do que um táxi cobra. Ao ser questionado como poderia ser do Uber se a circulação em frente ao Parque Olímpico está com restrições a circulação de carros desde o dia 5 de agosto, quando começou a Olimpíada, ele respondeu:

– Primeiro que cobro quanto quiser. Paga quem quer. E turista pode muito bem pagar esse valor ou até mais. Depois, eu tenho o adesivo me identificando como morador distribuído pela subprefeitura para quem vive nas redondezas do parque – contou o motorista.

O pagamento só poia ser feito em dinheiro. Em nota, o Uber informou que a opção de pagamento em espécie o não está disponível para o Rio de Janeiro embora possa ser efetivado em outras cidades. A assessoria do aplicativo ressaltou que qualquer corrida deve ser acertada apenas pelo aplicativo sem negociação direta com moradores.O homem estava com o carro parado no estacionamento de um supermercado localizado em frente ao Parque Olímpico.

Ao lado dele, estavam mais dois motoristas que também ofereciam seus serviços. Até as imediações da Rua Pedro Correa, distante cerca de 800 metros do local de abordagem, o GLOBO contou pelo menos dez motoristas tentando abordar passageiros. Um deles abordou um turista canadense, que recursou a oferta:

– Estou hospedado num hotel próximo ao Terminal Alvorada. Ele queria me cobrar R$ 80 pela corrida. Vi logo que não era Uber. Estamos há uns sete quilômetros do hotel . Me informei e sei que no máximo a corrida de táxi sai por R$ 25 a R$ 30. Mas não culpo os cariocas. Em todo lugar do mundo tem quem tente tirar vantagem de turista – disse o canadense, que não quis se identificar.

Problemas Linha 4 – 09/08

Os motoristas do Uber Oficial – serviço que não é reconhecido pela prefeitura do Rio – conseguiram atender aos usuários. Os passageiros, no entanto, tinham que esperar num posto de gasolina na esquina da rua Pedro Corrêa com embaixador Abelardo Bueno.

A subprefeitura da Barra informou que os 65 mil adesivos distribuídos para identificar carros de moradores e comerciantes que trabalham no entorno do parque olímpico são de uso exclusivamente pessoal. E que nas reuniões com síndicos que antecederam a distribuição dos selos, foi dado um alerta que lotadas estavam proibidas. E caso a prefeitura notasse um movimento atípico de entrada e saída dos carros credenciados, o motorista poderia ser multado e perder o selo de identificação.

Entre os dois pontos de embarque – do Uber Oficial e do Uber pirata – a Secretaria municipal de Transportes fazia uma blitz para apreender táxis que circulavam ilegalmente pela região. Mediante acordo com o Comitê Organizador, apenas taxis associados de um grupo de cooperativa podem circular pela área de bloqueio que começa nas imediações do Shopping Metropolitano, por medida de segurança.