Cotidiano

Parente enfrentará dívida de R$ 450 bilhões da Petrobras

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RIO – O engenheiro Pedro Parente, que será o novo presidente da Petrobras, terá pela frente a missão de domar aquela que é considerada a maior dívida corporativa do mundo no setor de petróleo. Embora tenha conseguido diminuir R$ 42,8 bilhões sua dívida bruta, a estatal ainda deve na praça R$ 450 bilhões.

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? O novo presidente vai assumir uma empresa muito pior do que era no início do governo Dilma, que iniciou seu primeiro mandato quando a estatal tinha uma dívida líquida de R$ 60 bilhões ? afirmou o analista independente Flávio Conde, que mantém o site WhatsCall. ? Durante esse período, a Petrobras fez investimentos muito acima de sua geração de caixa, R$ 40 bilhões acima em alguns exercícios, que não se traduziram em retorno depois, até porque foram alvo de corrupção. Sofreu também um prejuízo de R$ 59,6 bilhões com a política de preço de combustíveis do governo que obrigava a uma defasagem. Para completar, esse endividamento foi contraído quando o dólar estava entre R$ 1,70 e R$ 2.

DOIS PREJUÍZOS ANUAIS SEGUIDOS

A junção desses fatores se refletiu na última linha dos balanços financeiros da Petrobras dos dois últimos anos. A estatal saiu de um lucro de R$ 23,57 bilhões em 2013 para mergulhar em dois prejuízos anuais seguidos: R$ 21,7 bilhões no vermelho em 2014 e R$ 34,8 bilhões no ano passado, balanços nos quais a companhia teve que lançar baixas de dezenas de bilhões de reais para descontar suas perdas com a corrupção. A empresa também sentiu na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde valia R$ 375,1 bilhões no fim de 2010 e passou a valer R$ 101,3 bilhões ao fim de 2015.

No primeiro trimestre deste ano, a estatal registrou prejuízo de R$ 1,25 bilhão. O número representa um forte recuo em relação ao mesmo período de 2015, quando registrara lucro de R$ 5,33 bilhões. Mas é uma melhora ante dezembro do ano passado, quando o prejuízo foi de R$ 36,9 bilhões. Entre as razões apresentadas pela Petrobras para o número negativo nos três primeiros meses do ano estão o aumento do custo financeiro, além da queda na produção e nas vendas.

Álvaro Bandeira, economista do Modal Mais, admite que o fortalecimento recente do real e do petróleo vem ajudando a Petrobras este ano, mas não é suficiente para tapar o buraco de suas finanças. Tampouco tem sido suficiente, na avaliação do especialista, os esforços da gestão de Aldemir Bendine para se desfazer de ativos da empresa para equilibrar as finanças.

? O Bendine é um executivo de banco. Promoveu avanços, mais seu plano de vender ativos deveria ser mais ambicioso e mais ágil. O Pedro Parente é um técnico que terá maiores condições de fazer isso ? disse Bandeira. ? Não há outra solução, a Petrobras terá que ser uma empresa menor.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Sistema Firjan) afirmou que a Petrobras agora ?não podia estar em melhores mãos?. Segundo a entidade, a confirmação de Parente na Presidência é um ?passo decisivo? para a recuperação da estatal.

?Seus atributos éticos irretocáveis enquanto homem público, somados a sua experiência de grande êxito no universo corporativo, como CEO da Bunge Brasil, devem ser encarados como um símbolo da preocupação do novo Governo com a reestruturação negocial e moral de uma companhia que sempre foi motivo de orgulho para os brasileiros?, aponta a Firjan.