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Para além da Notre-Dame: cinco patrimônios históricos que já pegaram fogo na história

Guerras mundiais e episódios marcantes da história da Europa já fizeram com que igrejas e castelos hoje famosos quase sucumbissem em incêndios

Castelo de Windsor -Foto:Divulgação
Castelo de Windsor -Foto:Divulgação

Um incêndio de grandes proporções atingiu o telhado da catedral de Notre-Dame, em Paris, há um mês, causando a queda da flecha que ficava atrás das torres icônicas da igreja, colocada ali no século 19, além de uma comoção mundial em torno do templo gótico símbolo da cidade. O acidente também mostrou as dificuldades de países em proteger seus
patrimônios históricos de tragédias como essa.

A Notre-Dame é apenas um dos lugares históricos ao redor do mundo que já foram danificados por incêndios e precisaram passar por longas reformas e trabalhos de reparação para voltarem à antiga glória. Segundo o porta-voz da catedral parisiense, André Finot, ela sofreu “danos colossais” e, mesmo um mês depois, ainda não se sabe com precisão o que causou o fogo nem a extensão dos problemas que ele gerou à estrutura da
igreja.

A catedral, porém, tem outros exemplos para se espelhar: edifícios históricos que conseguiram reabrir suas portas depois de grandes restaurações feitas por arquitetos e engenheiros especializados — trabalhos que hoje fazem ser impossível reconhecer qualquer traço das construções originais e de suas réplicas.

Duncan Wilson, chefe da Historic England, um corpo governamental que protege patrimônios históricos britânicos, disse ao jornal The Guardian que, apesar da dor de ver uma herança cultural como a Notre-Dame queimando, esses desastres podem apresentar oportunidades para seus donos. Restaurações de edifícios, além de restaurar a importância
deles em sentidos sociais, ainda podem criar empregos, fortalecer as indústrias artesanais e injetar a criatividade moderna na arquitetura.

A seguir, contamos a história de cinco outras estruturas históricas que pegaram fogo no passado e foram reconstruídas com sucesso.

Castelo de Windsor, Londres, 1992

Em 1992, um incêndio atingiu o Castelo de Windsor, a residência oficial da rainha Elizabeth II e o maior castelo habitado do mundo, em Londres. O fogo danificou mais de 100 dormitórios feitos em inspiração gótica. Segundo Wilson, da Historic England, a reconstrução do edifício icônico trouxe uma oportunidade, já que as empresas ofereciam
passagens aéreas baratas para que pessoas do interior do país conhecessem a construção símbolo da nação, assim como ajudou a “incentivar o desenvolvimento de técnicas artesanais e de trabalhos de restauração de primeira linha em interiores do século 19 que foram destruídos”.

Catedral Grace, San Francisco, 1906

A Grace Cathedral, a terceira maior dos Estados Unidos, em San Francisco, pegou fogo em 1906 depois que um dos maiores terremotos da história atingiu a cidade — incendiando boa parte das construções. A igreja, construída originalmente em 1849, foi totalmente refeita — os trabalhos iniciaram em 1928 e só foram terminados mais de três décadas depois, tendo como inspiração justamente a Notre-Dame de Paris. A flecha que aparece entre as rosáceas do templo é igual à que foi destruída na tragédia do templo parisiense do mês passado.

Slane Castle, Irlanda, 1991

Em 1991, um incêndio consumiu um terço do oitocentista Slane Castle, localizado na cidade de Slane, no condado de Meath, na Irlanda. Por dez anos, artesãos, restauradores e arquitetos trabalharam para reformar o edifício reproduzindo as características do interior da forma como elas foram construídas. Todas as janelas e pinturas do salão de entrada
ficaram novos. “Nem dava para notar a diferença”, disse o dono do castelo, lorde Henry Mount Charles, depois da reconstrução. Hoje o prédio é famoso por receber eventos como casamentos, concertos de música e por ter, em seus jardins, shows históricos, como o do Red Hot Chili Peppers em 2003.

Catedral de Colônia, Alemanha, Segunda Guerra Mundial

Durante a Segunda Guerra Mundial, a maior catedral gótica do Norte da Europa, em Colônia, na Alemanha, foi seriamente danificada depois da queda de 14 bombas aéreas. Por sorte, alguns dos principais tesouros dentro do edifício foram protegidos por sacos de areia, assim como as janelas medievais, que tinham sido retiradas antes do conflito. Um
reparo de emergência foi feito em 1944 com materiais de pouca qualidade retirados de outros edifícios completamente destruídos na guerra. Por 50 anos, eles permaneceram na igreja como lembranças daquela época, mas em 2005, por ordem do governo alemão, o templo foi completamente reconstruído em linha com o projeto original.

St. Paul, Londres, 1666

A catedral de St. Paul, considerada a mãe das igrejas de Londres, na Inglaterra, foi severamente danificada pelo Grande Incêndio, como é chamado o episódio que arrasou a capital britânica em 1666. A reconstrução durou 33 anos e abrangeu os reinos de cinco monarcas — muito por causa das dificuldades de conseguir os materiais.