Cotidiano

Os prejuízos de driblar o descanso

As pessoas trabalham para ter férias. Tão importante quanto receber salário, manter a casa e pagar as contas, o ato de trabalhar não deixa de ser uma forma de fazermos contagem regressiva para o encerramento de mais um ano de produção em nossas vidas. Para o profissional liberal, trinta dias longe de tudo pode parecer um sonho distante, mas havendo possibilidade e planejamento, jamais troque suas merecidas férias por mais uma rodada de trabalho.
É, sabemos. Pode ser um dinheiro interessante o trabalho estendido, pode cobrir um débito não honrado no ano que passou, e vamos combinar que contas acumuladas penduradas na porta da geladeira devem estar decorando a cozinha de milhares de brasileiros, vítimas de uma crise que arrastou muitos compromissos para 2017. Ano novo, conta velha, situação que nos faz amaldiçoar a existência e até o esforço que fazemos para gerar trabalho. Começando a entender porque desligar a mente da mesa do escritório é tão importante quanto ganhar dinheiro?
Trabalho demais consome nossa essência.
Casa da praia do vizinho, apartamento da sogra ou uma barraquinha em um camping recheado de gente de tudo quanto é quanto, não importa, o efeito é o mesmo: oxigenar o cérebro, higienizar as relações. A falta dessa recomposição vai acumulando camadas e mais camadas de estresse além de canalizar sua preciosa existência cada vez mais no trabalho não raro em detrimento de seu bem-estar e do lazer de sua própria família. Nossas origens também não ajudam: para muitas pessoas, ficar um tempo de pernas pra cima é quase uma heresia.
Para quem está retornando na segunda-feira, que as festas de final de ano e os momentos com os amigos tenham sido o combustível propulsor para mais um ano de atividades produtivas. Para quem ainda está na fila de espera rumo ao dolce fare niente, preparar-se mentalmente para o prêmio de seu trabalho não deixa de ser uma forma de já beber um copo da garrafa desse benefício. E na medida do possível, não pense em boicotar seu descanso. Até seu cachorro agradece.

Vivian Weiand