Cotidiano

Oposição anuncia trégua de dez dias em guerra política contra Maduro

CARACAS ? A oposição venezuelana anunciou nesta quarta-feira uma trégua de dez dias em sua guerra política contra o presidente Nicolás Maduro. A aposta dos opositores é uma tentativa de negociar uma mudança de governo mediante o diálogo, enquanto o país se vê mergulhado em uma profunda crise econômica e institucional. Após meses de uma campanha para que seja realizado um referendo revogatório, que poderia encurtar o mandato de Maduro, os primeiros recuos da coalizão opositora Mesa de Unidade Democratica (MUD) já haviam sido definidos na terça-feira.

? Em apenas alguns dias, o mundo vai ver quem cumpre e quem não. Em 11 de novembro, voltaremos à mesa, e este é o momento para avaliar se os supostos gestos vão acontecer ? advertiu nesta quarta-feira o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba.

Com a medida, a oposição arrisca perder o apoio da parcela da população indignada pela crise na Venezuela e pede por saídas rápidas. No entanto, há duas semanas, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) suspendeu o processo de referendo revogatório, com o qual a oposição pretende tirar Maduro do poder.

Desconcertando seus seguidores, na terça-feira, a MUD suspendeu um julgamento sobre a responsabilidade de Maduro na crise e uma marcha até o Palácio de Miraflores. A oposição permanece à espera de gestos de reciprocidade em um diálogo iniciado no domingo com o apoio do Vaticano e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

? Se, de agora até 11 de novembro, não houver sinal claro sobre a libertação dos presos políticos e sobre o caminho eleitoral (…), será dito ao país ‘senhores, fizemos tudo o que podíamos’, e acabará o diálogo ? destacou o ex-candidato presidencial e um dos líderes da oposição Henrique Capriles.

ELEIÇÕES ANTECIPADAS?

Na mesa de diálogo, a oposição pediu um cronograma eleitoral, a libertação dos presos políticos, a substituição de autoridades eleitorais, medidas para solucionar a escassez e a devolução dos poderes ao Parlamento, de maioria opositora. Nos últimos meses, as decisões da Assembleia Legislativa foram frequente alvo de anulações pela Suprema Corte, que é acusada pela oposição de servir aos interesses do governo.

Capriles, assim como outros líderes opositores, afirmou que as eleições gerais são um cenário “viável” para acelerar a saída de Maduro, cujo mandato termina em janeiro de 2019.

? O que está em jogo não são apenas alguns gestos para que o povo se acalme. Não se trata de dar um paliativo para essa catástrofe. O tema dos presos políticos é chave, mas a via eleitoral é vital ? manifestou Torrealba.

A Venezuela se vê hoje m uma grave crise econômica. A dificuldades no país incluem a grave escassez de alimentos, a falta de medicamentos e a inflação alta.