Política

OPINIÃO: Diálogo para fortalecer o campo

Independente de qual seja a relação, pessoal, profissional, familiar, amorosa ou comercial, o diálogo é a forma mais salutar para o bom relacionamento entre as partes envolvidas. Conversar é preciso para que se encontre o ponto de equilíbrio, a equação benéfica para todos.

Trazendo para a realidade do campo, especificamente para a avicultura e a suinocultura paranaenses, atividades tão importantes no agronegócio estadual, é exatamente esse trabalho realizado pelas Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) e o Núcleo de Cadecs, um projeto totalmente pensado, desenvolvido e coordenado dentro do Sistema Faep/Senar-PR. Com a criação dessas Comissões, o diálogo passou a ser a principal ferramenta de negociação e até mesmo convivência entre avicultores e suinocultores integrados e agroindústrias do Estado.

O caminho percorrido até aqui exigiu muitos esforços. Foram mais de seis anos participando, de forma ativa, dos debates, discussões e alinhamento para definir os termos da Lei 13.288/2016, conhecida como Lei de Integração. Após esse árduo trabalho com participação direta de técnicos do Sistema Faep/Senar-PR na construção de um texto que preze pela defesa dos interesses dos produtores, o governo federal, em maio de 2016, aprovou a lei, um marco para as atividades rurais integradas.

Apesar de uma importante conquista, a aprovação da Lei da Integração deu início a um novo ciclo, ainda mais importante, que era colocar em prática o que até então apenas estava no papel. Como não poderia deixar de ser, o Sistema Faep/Senar-PR assumiu o protagonismo e encampou esse trabalho de disseminação da importância da criação das Cadecs em todos os cantos do Paraná. Onde havia agroindústria envolvida com proteína animal, lá estava a Faep fazendo a articulação e os técnicos do Senar-PR para organizar os produtores quanto a constituição da Comissão.

O trabalho árduo encontrou adversidades e até mesmo alguma desconfiança em certos momentos. Mas valeu a pena. Hoje contabilizamos resultados extremamente expressivos e satisfatórios. Das unidades industriais envolvidas com avicultura, 95% contam com Comissões constituídas, enquanto o índice na suinocultura está na casa dos 25%. Vale lembrar que em dezembro de 2016, praticamente seis meses após a aprovação da Lei da Integração pelo governo federal, esse porcentual não ultrapassava 10%, somando as duas atividades. Mais do que números, esses índices superlativos retratam que existe diálogo entre o setor produtivo e as empresas integradoras.

Mas o trabalho não para por aí. Ao contrário. O Núcleo de Cadecs tem um papel tão importante quanto as Comissões em si. A proposta é, de forma macro, reunir as dificuldades, problemas e anseios que aparecem em mais de uma região do Estado para estabelecer uma linha de atuação, no sentido de maximizar o resultado. E, tem dado certo. Tanto que os representantes das principais agroindústrias instaladas no Paraná tiveram a oportunidade de conhecer em detalhes o trabalho do Núcleo, aqui na sede do Sistema Faep/Senar-PR, e ratificaram, de forma unânime, a importância do projeto.

Além do número de Cadecs constituídas e do compartilhamento por parte das indústrias da necessidade do diálogo, a importância das Comissões pode ser medida pelas conquistas que os avicultores e suinocultores já conseguiram. Vale lembrar, no primeiro semestre deste ano, quando a União Europeia embargou a carne de frango brasileira, com o descredenciamento de oito plantas agroindustriais no Paraná [20 no Brasil], foram as Cadecs que negociaram o pagamento aos avicultores que ficaram com os galpões vazios. Recurso de extrema importância, principalmente para os produtores que têm o compromisso mensal com financiamentos junto às instituições financeiras.

Outra conquista das Cadecs ocorreu em maio, também deste ano, durante a greve dos caminhoneiros. As Comissões atuaram nos bloqueios que se espalharam por praticamente todas as rodovias estaduais para liberar a passagem de caminhões de ração para evitar a mortalidade dos animais. Vale lembrar que, segundo a Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal), o prejuízo do setor por conta da greve dos caminhoneiros superou os R$ 3 bilhões, com 167 plantas frigoríficas paradas e a morte de milhões de aves por inanição.

Ou seja, números que dão ainda mais relevância para o trabalho das Cadecs. Nossa meta é, junto com produtores, Sindicatos Rurais e as próprias indústrias, estabelecer Cadecs em 100% das unidades industriais. O trabalho não é simples, mas se faz necessário, com convicção de que iremos conseguir. Pois, Cadec formada é garantia de diálogo. E, mais que isso, de defesa dos interesses dos milhares de avicultores e suinocultores espalhados pelo Paraná.

Ágide Meneguette é presidente do Sistema Faep/Senar-PR

Onde havia agroindústria envolvida com proteína animal, lá estava a Faep fazendo a articulação e os técnicos do Senar-PR para organizar os produtores quanto a constituição da Comissão

O trabalho árduo encontrou adversidades e até mesmo alguma desconfiança em certos momentos. Mas valeu a pena. Hoje contabilizamos resultados extremamente expressivos e satisfatórios

Vale lembrar, no primeiro semestre deste ano, quando a União Europeia embargou a carne de frango brasileira (…) foram as Cadecs que negociaram o pagamento aos avicultores que ficaram com os galpões vazios