Cotidiano

'Não é o fim do centrão, é o início da união da base de Temer', diz Rosso

rogério-rossoBRASÍLIA ? Derrotado na eleição para a presidência da Câmara, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) defendeu, nesta sexta-feira, a união da base do governo interino de Michel Temer. Ele disse que não é o fim do centrão – bloco que bancou sua candidatura, antes liderado pelo ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, mas que começa agora “uma consolidação da base Temer”.

? Somos uma só base. Não é o fim do centrão, é o início de uma consolidação padrão da base Temer, o início de um novo momento ? disse Rosso.

O deputado afirmou que os líderes da base ainda irritados com o resultado da eleição têm que superar e se unir.

? O tempo vai ajudar a esfriar os ânimos. O meu está gelado. A base não pode pensar em se dividir ou ter algum tipo de trauma. É superar, e acho que todos já superaram, mas aqueles que não conseguiram ainda esses quinze dias (de recesso parlamentar) vão ser importantes ? afirmou.

Ao defender a união dos partidos da base do governo, ele lamentou que, hoje, o centrão seja um “nome pejorativo”.

? O centrão já foi um dia um nome não pejorativo, mas hoje é pejorativo, então sou daqueles que defendem uma base só. Somos todos de uma torcida só ? afirmou, dizendo que as legendas que sustentam o governo ainda estão “aprendendo a ser base”, citando o PSDB, que passou 13 anos como oposição.

O líder do PSD admitiu que o bloco errou ao não afunilar o número de candidaturas do bloco e ter um “entendimento mínimo”.

? O centrão teve dificuldades em ter um entendimento mínimo para que algumas candidaturas fossem retiradas. O ideal era um mínimo entendimento. Arrogante seria se impusesse uma candidatura. Mas, ao contrário, os partidos do centrão respeitaram as candidaturas.

Para Rosso, não houve interferência do governo no segundo turno. Ele disse que, nas vezes em que conversou com ministros de Temer, especialmente com Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), ele sempre dizia que o governo estava “cavalheiro”, observando as movimentações, mas que entraria no segundo turno caso a disputa fosse entre Marcelo Castro (PMDB-PI) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) ou entre Castro e o próprio Rosso. Caso tenha tido mão do governo no segundo turno, ele disse que “não tem mágoas”. Ele elogiou Maia, dizendo que ele tinha “muito mais capacidade” do que ele para ganhar a eleição, por já estar em seu quinto mandato. Rosso está no primeiro:

? Não acredito (em interferência), porque o Geddel sempre me passava que o governo estava cavalheiro, acompanhando os movimentos e que, se necessário fosse, entraria no segundo turno. E se entrou, está tudo bem, não tenho mágoas, quero ajudar o governo.

Questionado sobre a ligação de sua imagem ao ex-presidente Eduardo Cunha, sobretudo entre partidos da esquerda, como o PCdoB ? que apoiou Maia no segundo turno ?, ele disse que é “duvidar da inteligência das pessoas” usar esse tipo de argumento. E que sempre teve com Cunha não mais que uma relação “institucional”.

? Eles não votaram em mim porque fui presidente da Comissão do Impeachment. É até duvidar da inteligencia das pessoas esse tipo de argumento, para quem conhece o histórico do presidente Eduardo Cunha. Sempre tive uma relação institucional com ele, não votei nele nem foi da minha aliança.

Para Rosso, rachas na base só vão atrapalhar o governo e as pautas econômicas que precisam ser aprovadas no segundo semestre. Seu entendimento é de que a base precisa ter “desprendimento de aglutinar”:

? Se tiver qualquer dissenso vai ser ruim para o governo. Não tem que ter mais reunião separada (do centrão), a gente precisa ter um desprendimento de aglutinar.

O deputado contou ainda que Temer ligou para ele hoje para explicar uma declaração sobre sua intenção de “desidratar o centrão”, dada em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo”. Ele contou que o presidente ficou preocupado com a repercussão da fala.

? Ele é um lorde, ele quer a união da base. E eu disse que trabalharia por essa união.