Cotidiano

Museu da Língua Portuguesa começa reforma da face leste do prédio

INFOCHPDPICT000063431587Um ano depois do incêndio que destruiu parcialmente as instalações do Museu da Língua Portuguesa, em 21 de dezembro, a fachada e as janelas da face leste do prédio da Estação da Luz, no centro de São Paulo começaram a ser restauradas hoje. A ação marca uma nova etapa na reforma do imóvel, iniciada 48 horas após o fogo, com obras emergenciais que se estenderam ao longo do ano. Durante esse período, foram retirados escombros, paredes externas foram reforçadas e a laje do terceiro andar foi impermeabilizada para evitar que a intempérie comprometesse ainda mais as estruturas.

O arquiteto Pedro Mendes da Rocha ? autor, em 2006, do desenho original do museu em parceria com seu pai, Paulo Mendes da Rocha ? foi contratado para fazer as adaptações necessárias. Nesse processo, serão contempladas a adequação às mudanças na legislação e à experiência de uso do prédio ao longo de dez anos de atividades.

Segundo Lucia Basto, gerente geral de Patrimônio da Fundação Roberto Marinho (FRM), o próximo ano será dedicado a restabelecer a ambiência arquitetônica, com o restauro das quatro fachadas do prédio, atingidas pelo incêndio, e a recuperar e reconstruir as esquadrias de madeira destruídas pelo fogo. Essa fase do projeto foi aprovada por três órgãos reguladores do patrimônio histórico: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

? Hoje é um dia importante, porque a gente marca o início das obras de restauração das fachadas e esquadrias. A concepção arquitetônica vai ser mantida, só que a legislação mudou muito nesse meio tempo. Por exemplo, no projeto de museografia, os equipamentos são outros, mais modernos, então, tem de estar tudo especificado ? disse a executiva da FRM.

Lucia disse ainda que, paralelamente às obras, está em desenvolvimento um projeto para 2018 que contempla a reconstrução do telhado, a climatização dos ambientes, as estruturas elétrica e hidráulica, além da prevenção a incêndios, com revestimento de zinco na cobertura. Toda a intervenção será acompanhada de uma consultoria ambiental, que seguirá os parâmetros para obtenção do selo Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), certificação para construções sustentáveis, concedida pela organização não governamental americana U.S. Green Building Council (USGBC).

? O projeto também está contemplando estrutura de prevenção de incêndio, com equipamentos mais modernos de combate ao fogo e vidros temperados para evitar a propagação das chamas. Tudo está sendo acompanhado por uma consultoria de uma especialista da Universidade de São Paulo ? disse José Roberto Sadek, secretário de Cultura do Estado de São Paulo.

Inauguração prevista para 2019

Se o cronograma para as obras for seguido à risca, o primeiro semestre de 2019 será dedicado à implantação da museografia, com a modernização dos equipamentos usados para as exposições e interação com os visitantes. A data de inauguração está prevista para o fim do primeiro semestre daquele ano, mas só será confirmada após a conclusão de todo o projeto de reconstrução.

Os trabalhos de reconstrução e restauração do museu estão sendo patrocinados pelo grupo Energia de Portugal (EDP), empresa europeia do setor de energia, que bancará R$ 20 milhões do valor total do investimento, pelo Grupo Globo, que está injetando R$ 10 milhões, e pelo Itaú, com R$ 6 milhões. Dos R$ 34 milhões do prêmio do seguro contra incêndios, R$ 29 milhões serão investidos nas obras. Dos R$ 5 milhões restantes da indenização, R$ 3 milhões foram utilizados em ações emergenciais para preservação de áreas não atingidas pelo incêndio e R$ 2 milhões estão reservados para a manutenção do primeiro ano de atividades.

Em dez anos de atividades, o Museu da Língua Portuguesa recebeu cerca de 4 milhões de visitantes, dos quais 319 mil foram atraídos por ações educativas. É o primeiro do mundo dedicado a um idioma, com um conceito museográfico que aplica as mais modernas tecnologias para educar e ensinar.