Cotidiano

Município do oeste vive alerta máximo para risco de epidemia

Itaipulândia – O novo boletim da Sesa (Secretaria de Estado da saúde) divulgado ontem revela um novo aumento nos casos de dengue em toda a região oeste. Em apenas um mês os registros aumentaram cerca de 30% e nesta semana chegaram à marca 176 casos de um total de 474 em todo o Paraná. A regional com maior número de registros continua sendo Foz do Iguaçu com 89 diagnósticos positivos.

Destes, 51 casos estão na própria cidade de Foz do Iguaçu. Um dado que chama a atenção e preocupa é que na pequena cidade de Itaipulândia, com menos de 11 mil habitantes, já são 19 casos, ou seja, média de 179 para cada 100 mil. Esta condição já coloca a cidade em alerta máximo à possibilidade de uma epidemia, considerada para doenças endêmicas, de 300 casos para cada 100 mil habitantes.

Para a médica epidemiologista da 10ª Regional da Saúde de Cascavel, Lilimar Mori, a situação preocupante é que fevereiro acaba sendo um mês bastante propício para o surgimento de novos casos e que eles poderão crescer com facilidade nos próximos dias. “Temos um verão chuvoso e quente, abafado, condição ideal para a proliferação do mosquito (…) onde há registro de muitos casos se observa que todo o sistema falhou e não é só a saúde pública, mas a população que descuidou do monitoramento”, seguiu.

E não por acaso, onde há infestação de mosquitos, tem sido comum a população pedir que as autoridades em saúde solicitem o chamado fumacê. O que muita gente não sabe é que este procedimento é caro, burocrático, paliativo, garante em torno de 60% de cobertura e causa danos ambientais à fauna e à saúde humana incalculáveis.

Segundo o enfermeiro do Setor de Epidemiologia da Regional de Saúde de Cascavel, Daniel Loh, o fumacê serve apenas “para dar um respeito”. “Ele é acionado quando todas as atividades falharam, não se fez o combate e o dever de casa adequadamente. Ele é acionado quando o poder público e a população falham no combate. É uma medida extrema e paliativa”, destaca ao lembrar que as microgotículas de agrotóxico precisam cair, literalmente em cima do mosquito, para aniquilá-lo.

“A eficácia é de em torno de 60% e só serve contra o mosquito adulto, não para larvas e criadouros. Assim, que onde há infestação de mosquito, se nada for feito, em 15 dias tudo volta”, esclareceu.

Além de todos os empecilhos, o fumacê é uma medida burocrática de ser solicitada e custa caro, muito caro. No caso da região oeste a equipe da própria Sesa precisa ser deslocada de Maringá e ficar na região por pelo menos dez ou 15 dias. Antes de ela ser solicitada, o gestor público, ou seja, o prefeito que solicita este serviço, apresenta uma espécie de atestado onde afirma ter falhado em todas as formas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti. Este documento segue para a Regional da Saúde da sua cobertura e ela vai dar aval ou negar, enviando o pedido então à coordenação estadual, da Sesa. É dela a palavra final. “Mesmo que o fumacê seja liberado, obedecendo este protocolo, existem os danos que poderão ser causados matando pássaros, borboletas, abelhas além dos prejuízos à saúde no caso de alergias respiratórias”, seguiu o enfermeiro.

A médica Lilimar Mori vai além. Para ela, realizar o fumacê “é um atestado de incompetência, de que nada deu certo [no combate ao mosquito]”.

Chikungunya

Em todo o Paraná foram registrados até o momento seis casos de chikungunya, metade deles está na região oeste. Trata-se de um caso autóctone e um importado na cidade de Foz do Iguaçu e um caso importado em Toledo. Não há registros de zika vírus no atual período epidemiológico no Paraná, que se iniciou em 1º de agosto. Nenhuma das três doenças resoltou em morte no estado ate o momento.

Epizootias

Um encontro hoje em Cascavel vai reunir 160 gestores e profissionais da área da saúde de 25 municípios cobertos pela 10ª Regional da Saúde. O encontro trará à região especialistas em doenças como febre amarela, dengue, zika vírus e chikungunya.

O evento será no auditório da Unipar durante todo o dia. Entre os temas a serem abordados, está o enfrentamento a estas doenças.

À tarde o foco dos trabalhos serão as epizootias, que se referem os casos de animais que adoecem trazendo interesse à saúde pública, como o caso de macacos infectados pela febre amarela que serve como sentinela à prevenção.

H3N2 e Influeza B

A 10ª Regional da Saúde de Cascavel também confirmou o primeiro caso de influenza A, H3N2 em Cascavel neste ano. Trata-se de um paciente atendido em uma UPA, que foi medicado e passa bem. Outro caso é de Infrluenza B onde o paciente também foi medicado e não corre risco. A saúde pública alerta para um risco de surto, sobretudo de H3N2 no Brasil no inverno. A tendência é para que o aparecimento de novos casos ocorra a partir de abril.