Cotidiano

Morre o diretor polonês Andrzej Wajda

2013_603217075-2013_602823842-2013040534122.jpg_20130405.jpg_20130408.jpgRIO – O renomado diretor polonês Andrzej Wajda morreu neste domingo, em Varsóvia, após uma curta doença, aos 90 anos de idade. O falecimento foi confirmado pela Associated Press e a mídia polonesa. Mais conhecido diretor cinematográfico do seu país, Wajda ganhou um Oscar honorário por sua carreira e foi vitorioso no Festival de Cannes por “O homem de ferro”, de 1981.

Jovem que serviu no movimento de resistência polonesa na Segunda Guerra Mundial, Wajda despontou em 1955 longa-metragem “Geração”, sobre a resistência durante a guerra, e recebeu sua primeira aclamação séria em 1957, com “Kanal”, sobre um grupo de combatentes da resistência que tentam fugir após a revolta de Varsóvia através do esgoto. Duras e realistas, os filmes prefiguraram uma de suas grandes obras, “Cinzas e Diamantes”, de 1958, sobre um assassino anti-comunista.

A história da Polónia sob o jugo da União Soviética foi a base para dois de seus trabalhos mais aclamados: “O homem de mármore” (1977) e o “O homem de ferro”, que detalha famoso movimento sindical Solidariedade do país e contou com um herói da vida real no elenco, o sindicalista Lech Walesa (ele voltaria a Walesa em 2013 na cinebiografia “Walesa”).

Por causa de restrições do governo polonês, Wajda foi obrigado a emigrar para a França, onde viveu até a queda do Muro de Berlim em 1989. Quando voltou, foi eleito para o Parlamento polonês e nomeado diretor do teatro de Varsóvia. Assim como Ingmar Bergman, na Suécia, Wajda se destacou tanto no cinema quanto na atividade teatral.

Em seu livro “Double Vision”, escrito em meados dos anos 80, Wajda lamentou a falta de interesse por filmes poloneses no Ocidente. Mas, em seu país natal, ele foi considerado como um dos seus mais importantes artistas. Vários dos filmes de Wajda nunca foram lançados nos EUA, onde ele nunca gozou da popularidade dos compatriotas Roman Polanski e Krzysztof Kieslowski.

Em entrevista ao GLOBO, em 2013, o diretor se mostrava animado em relação ao cinema de seu país: “Eu avalio com otimismo a situação do cinema polonês. Hoje são realizados muitos filmes que levantam temas atuais, sem que isso restrinja reconstituições históricas. De vez em quando aparecem filmes que jamais teriam a chance de ser realizados nos tempos mais pesados da censura comunista.”

O último filme de Wajda, “Afterimage”, tinha sido recentemente escolhido como represantante da Polônia para a disputa de melhor filme de língua estrangeira do Oscar.