Cotidiano

Moro temia fuga de envolvidos no esquema de Cabral para o exterior

SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro disse, no despacho em que decretou a prisão preventiva de Sérgio Cabral, que temia a fuga para o exterior dos envolvidos no esquema de corrupção comando pelo ex-governador. Esse foi um dos argumentos usados pelo magistrado para justificar a prisão. Também tiveram as prisões decretadas o braço direito de Cabral e o seu ex-secretário de governo, Wilson Carlos, e Carlos Emanuel de Cavalho Miranda, o Carlinhos, apontado como operador.

No despacho, o juiz afirma que ?os investigados poderiam se valer de recursos ilícitos para facilitar fuga e refúgio no exterior?. ?Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro e a identificação de sua localização atual, há um risco de dissipação (sumiço) do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação. Enquanto não afastado o risco de dissipação do produto do crime, presente igualmente um risco maior de fuga ao exterior?, escreveu o magistrado.

Moro fala ainda em ?risco à ordem pública? por conta das ?condutas dos investigados, a dimensão e o caráter serial dos crimes, com cobrança sistemática de propinas em contratos públicos e lavagem subsequente, de cerca de R$ 10 milhões de reais, pagos somente pela Andrade Gutierrez entre abril de 2007 a dezembro de 2012?.

Para justificar a prisão, o magistrado argumenta que ?se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso?. ?Impor a prisão preventiva em um quadro de corrupção e lavagem de dinheiro sistêmica é aplicação ortodoxa da lei processual penal?, justifica Moro, em seu despacho.