RIO ? A busca pela mobilidade urbana é um desafio enfrentado pela maioria das grandes cidades no Brasil e no mundo, que esbarram em problemas como o fato de muitas pessoas ainda privilegiarem os transportes individuais. O termo, geralmente empregado para referir-se ao trânsito de veículos e também de pedestres, seja através do transporte individual (carros, motos, etc.), seja através do uso de transportes coletivos (ônibus, metrôs, etc.), ainda gera dúvidas em muitas pessoas, mas também é alvo de estudo para melhorar a vida e o deslocamento da população.
Com o intuito de informar e, ao mesmo tempo, engajar as pessoas, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) acaba de lançar o site ‘MoveCidade’, fruto de uma parceria com o Instituto Clima e Sociedade e o LED – Laboratório de Experimentação Digital.
“O impacto na vida do consumidor se dá de diversas maneiras. A mais clara é o resultado do péssimo investimento na área de mobilidade, seja na insegurança para os modos não motorizados, ou ativos (como pedestres e ciclistas), seja no péssimo serviço de transporte coletivos com atrasos, má qualidade, falhas, interrupções e serviço de baixa qualidade?, afirma Rafael Calabria, pesquisador do Idec em Mobilidade Urbana.
Apresentando conteúdo multimídia em formatos variados, o site aborda, de maneira visual e simples, os principais conceitos de mobilidade urbana, trazendo animações, histórias em quadrinhos e infográficos. O objetivo é aproximar o cidadão do tema e facilitar o engajamento da população.
“As pessoas precisam ter conhecimento sobre as vantagens e os direitos que elas têm nos transportes e na mobilidade urbana, pois isso impacta a vida de todos. É preciso ainda engajar a sociedade para que elas reclamem, fiscalizem e participem do processo político: SACs, fale conosco, transparência e conselhos, por exemplo”, ressalta o Idec, na apresentação do produto.
Assessora de projetos do Idec, Teresa Liporace ressalta que o direito à cidade está ligado à possibilidade que os diversos grupos sociais têm de se deslocar pelos centros urbanos e efetivar direitos garantidos na Constituição, como saúde, educação, lazer e cultura.
“O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, determina que transporte público deve ser um serviço de qualidade, oferecido de maneira a garantir a saúde e a segurança do consumidor”, completa.
Segundo uma pesquisa do instituto em parceria com o DataPopular, publicada em março, o transporte público é um dos setores que mais causam dor de cabeça ao consumidor. Porém, de acordo com o levantamento, as pessoas reclamam muito para parentes e amigos e pouco nos canais oficiais. Para ajudar a combater o cenário de descontentamento difuso e facilitar o acesso às páginas públicas de queixas e reclamações, muitas das quais podem ser difíceis de encontrar, o MoveCidade traz também uma página com os links diretos para os serviços oficiais de atendimento relacionados à mobilidade nas capitais do Brasil.
Calabria acrescenta que é fundamental que essas pessoas registrem suas opiniões nos órgãos responsáveis, ou mesmo participem ativamente cobrando, para que isso resulte em mais qualidade e investimentos.
“Os usuários dos sistemas estão na melhor posição para saber quais melhorias são necessárias”, destaca Calabria.
Fazem parte do conteúdo temas como: ?O que é a mobilidade nas cidades brasileiras e o impacto na vida dos usuários?; ?Intermodalidade: o que é e como deve funcionar essa integração entre os meios de mobilidade?; ?Custos e impactos por meio de transporte: uma comparação entre os custos de cada meio de transporte, sua capacidade e a poluição que ele gera na cidade; Política Nacional de Mobilidade urbana (como essa lei, aprovada em 2012 busca modificar o cenário que temos hoje); os direitos dos usuários nos ônibus e quais são os mais desrespeitados; entre outros.
O site traz ainda uma ferramenta completa listando os sites e contatos de todos os órgãos e secretarias de mobilidade das capitais brasileiras.
