Cotidiano

Ministro da Justiça diz que conversa de Temer com Calero foi ?absolutamente normal?

BRASÍLIA – O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu nesta sexta-feira o presidente Michel Temer, acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressionar para que ajudasse o ministro demissionário da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, a obter uma licença para uma obra na qual tinha interesse pessoal. Após encontro de prefeitos do PSDB, realizado hoje na Câmara dos Deputados, Alexandre de Moraes afirmou considerar que Temer teve com Calero uma conversa ?absolutamente normal?, o que teria sido demonstrado pelo fato de o então ministro da Cultura não ter consultado a Advocacia-Geral da União.

? Basta ler o depoimento que está na internet para ver que o presidente simplesmente indicou ao ministro Calero que, se achasse que fosse o caso, consultasse a AGU. O próprio ministro não consultou. Entendeu por bem não consultar e ele mesmo decidir. Esse é o papel constitucional da AGU quando consultado por ministros. Nem houve a consulta, o que demonstra que foi uma conversa absolutamente normal ? afirmou.

Alexandre de Moraes não quis comentar a demissão de Geddel do cargo. Disse que a Polícia Federal foi procurada por Calero e tomou ?as medidas que a legislação determina? ao encaminhar o depoimento do ex-ministro ao Supremo Tribunal Federal (STF), que levou para a análise da procuradoria-geral da República se haverá ou não abertura de inquérito.

? O procurador-geral da República vai analisar se vai ou não insistir nesse pedido de abertura de inquérito ? disse Moraes.

O ministro da Justiça não quis comentar a suposta gravação da conversa de Calero com Michel Temer. Disse apenas que os ?boatos? sobre a existência da gravação serão apurados para verificar se foram ou não feitas e em que condições ocorreram. Sobre a possibilidade de abertura de inquérito contra Geddel, Moraes afirmou que cabe à PGR decidir:

? Não sou juiz natural desse caso, é o PGR, que deve ver se há ou não indícios. Se ele verificar que há, determinará abertura de inquérito. Se não, pedirá o arquivamento ? disse.

TEMPERAMENTO DE TEMER

O ministro da Cidades, Bruno Araújo (PSDB), saiu em defesa de Temer e disse que os que conviveram com ele sabem que não é do temperamento dele fazer pressão. Para o ministro, a saída de Geddel permitirá que o governo volte a focar na agenda de retomada do desenvolvimento do país.

? O presidente não tem nenhum temperamento de pressionar quem quer que seja, não é o temperamento dele. Acho que esse momento mais sensível foi estabilizado com o movimento que se deu hoje,eu espero que a partir de agora a gente volte a ter foco para cuidar do que é importante ? disse Araújo.

Indagado sobre a possibilidade de Calero ter gravado a conversa com Temer e a ação da oposição pedindo o impeachment, Bruno Araújo afirmou:

? Tudo é hipótese. É tão assustadora a hipótese de que possa ter min isto gravando presidente, do ponto de vista ético, político institucional, e se houve ( a pressão). Mas ninguém pode ser precipitado de fazer qualquer juízo sem saber o que eventualmente possa ter havido. Não é o estilo do presidente.

DÓRIA DIZ QUE É PRECISO APOIAR O PRESIDENTE

O prefeito eleito de São Paulo, o tucano João Dória, criticou as iniciativas da oposição de já propor CPI ou mesmo entrar com pedido de impeachment contra Temer. Para Dória, tudo tem que ser apurado, mas o Brasil precisa de estabilidade política para sair da crise econômica.

? Temos que apoiar o presidente Temer nessa travessia. O Brasil precisa de estabilidade política para conquistar a estabilidade econômica e com ela restabelecer condições sociais adequadas. Um pais com 12 milhões de desempregados, com recessão econômica, com uma situação tão desfavorável não pode criar uma instabilidade política através de CPI ou pedido de impeachment do presidente Temer – disse Dória, acrescentando:

? Temos que apurar o que tem que se apurar, mas sem espírito de briga. É preciso apurar antes disso determinar o fim de um mandato.