Cotidiano

Menina com rara doença luta para conseguir visto para cirurgia nos EUA

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RIO ? A pequena Maria, de apenas 6 anos, sofre da síndrome de Morquio, rara doença genética que prejudica o crescimento e provoca fortes dores no corpo. Em breve, ela se tornará incapaz de andar, porque suas vértebras estão comprimindo a medula espinhal, mas existe esperança. Um hospital americano se ofereceu para realizar gratuitamente uma cirurgia com potencial para melhorar sensivelmente a qualidade de vida da menina, mas a família, de Rawalpindi, no Paquistão, não consegue visto para viajar para os EUA.

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Em entrevista à Associated Press, Shahid Ullah, pai de Maria, informou que a embaixada americana em Islamabad já recusou duas vezes a emissão do visto. No último pedido, ainda em andamento, funcionários disseram que a análise ?levaria tempo?, bem escasso para Maria: a cirurgia está agendada para o dia 2 de novembro.

? Se nós atrasarmos a cirurgia da Maria, teremos muito mais problemas ? disse Ullah, que possui uma loja que comercializa roupas de cama em Rawalpindi, cidade próxima da capital Islamabad.

Frustrado com a recusa da embaixada americana, Ullah recorreu às redes sociais e à imprensa internacional na esperança de acelerar o processo. A cirurgia está agendada apenas para o início do mês que vem, mas a menina precisa chegar nos EUA na próxima semana para começar a bateria de exames pré-operatórios.

Ullah iniciou sua peregrinação para salvar a pequena Maria há quatro anos, quando a doença foi diagnosticada. Desde então, pesquisou a síndrome por conta própria e enviou amostras de sangue e urina de Maria para laboratórios na Índia e na Alemanha. Pela internet, se conectou com famílias que enfrentam o mesmo problema e rastreou médicos com experiência no tratamento da síndrome em países distantes, como Chile, Reino Unido e EUA, onde encontrou o Hospital Infantil Nemours/Alfred I DuPont, em Wilmington, Delaware.

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? De todas as partes do mundo, famílias com filhos com a mesma doença me ajudaram ? disse Ullah, que lançou uma campanha de financiamento coletivo para bancar a viagem da menina.

Diferente das tentativas anteriores, quando Ullah entrou com pedido de visto para toda a família, e teve a recusa por temores de que eles não retornassem ao Paquistão, o último pedido é apenas para ele, a esposa e Maria. Ele planeja deixar os outros dois filhos, uma menina de 7 anos e um menino, de 2, com parentes durante a estadia nos EUA, prevista para durar cinco meses.

? Eu não sei o que fazer, com quem devo entrar em contato ? disse Ullah. ? Maria está sentindo muitas dores agora… Ela não consegue mais segurar um lápis.

A porta-voz da embaixada americana em Islamabad Fleur Cowan se recusou a comentar o caso, citando leis de privacidade, mas afirmou que o caso seria avaliado. Em Washington, o Departamento de Estado informou que os dados sobre vistos são confidenciais e não é possível comentar sobre casos específicos.

MOBILIZAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS

A cirurgia oferecida pelo hospital em Delaware custa US$ 100 mil. Nos primeiros contatos, a instituição aceitou reduzir o preço para US$ 82 mil, mas quando ficou claro que a família não poderia arcar com esses valores, a Fundação Nemours se ofereceu para cobrir todos os custos do procedimento.

? A esperança é realizar a cirurgia para a criança, sem custos para a família ? disse Chris Manning, do departamento de relações públicas do hospital, acrescentando que a instituição enviou documentações para a embaixada no Paquistão para facilitar o requerimento dos vistos.

Melissa Harms, uma advogada da Califórnia, se ofereceu para ajudar a família após tomar conhecimento do drama da pequena Maria.

? Eu fiquei chocada ? afirmou Melissa, que informou que a hospedagem da família nos EUA já foi organizada e as passagens aéreas foram doadas. ? Tudo isso será jogado no lixo se não pudermos conseguir a aprovação desses vistos nessa semana.