Cotidiano

Marine Le Pen vê candidatura ameaçada por comentários antissemitas do pai na França

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PARIS ? Político da direita radical francesa, Jean-Marie Le Pen foi acusado de incitar o ódio religoso com comentários antissemitas. Em um vídeo de junho de 2014, compartilhado na página da internet do seu então partido Frente Nacional (FN), ele disse que um dos seus críticos judeus seria um dos alvos na sua próxima ?fornada?. A poucas semanas das eleições presidenciais, o caso poderia prejudicar a sua filha Marine Le Pen, que concorre pela mesma legenda de extrema-direita fundada e antigamente presidida pelo pai.

Hoje um político independente, após ter deixado a FN em 2015, Le Pen negou as acusações de antissemitismo sobre o vídeo. As imagens mostram que, em um comício, ele fez duras críticas aos artistas que fazem oposição à sua postura altamente racista e xenofóbica ? incluindo a cantora Madonna e os músicos franceses Yannick Noah e Patrick Bruel. Sobre Bruel, que é judeu, ele disse que o cantor ?faria parte da próxima fornada que vamos pegar da próxima vez?.

A declaração foi rapidamente interpretada como uma referência às câmaras de gás utilizadas por nazistas para massacrar judeus na Segunda Guerra Mundial. No entanto, Le Pen negou que tenha dito isso. Ele usou a palavra ?fournée?, que no francês significa ?fornada?. Mas alegou que estava fazendo, na verdade, um trocadilho com a palavra ?four? (que significa ?quatro? em inglês).

? A palavra que eu usei não tem nenhuma conotação antissemita, exceto para inimigos políticos ou imbecis ? disse Le Pen na época.

O comentário do político francês gerou uma avalanche de críticas de grupos que lutam contra o racismo na França. Em reação ao escândalo, por sua vez, Bruel escreveu nas redes:

?Le Pen está ofendendo de novo. Ele precisava nos lembrar da sua verdadeira face e da FN?, disse.

Hoje com 88 anos, o político francês já teve múltiplas condenações por incitar o ódio racial e não reconhecer crimes contra a Humanidade. Uma vez, chegou a descreveu o Holocausto como um mero detalhe na História. A declaração levou à sua expulsão da Frente Nacional, após 40 anos liderando a legenda, e a uma briga com a sua filha Marine Le Pen. Atualmente, ela é a líder da extrema-direita e autoridade máxima do partido.