Cotidiano

Mais de 900 diplomatas dos EUA se unem em críticas a ordem migratória

FRANCE-US-POLITICS-TRUMP-IMMIGRATION-PROTEST-GUN33LAHK.1.jpgWASHINGTON – Os diplomatas que questionam a política de Donald Trump de suspender a entrada de refugiados e de sete países de maioria muçulmana já ultrapassam 900, segundo dados internos do Departamento de Estado. Mesmo sob pressão da Casa Branca para que renunciem, os funcionários da política externa argumentam que os vetos migratórios são contrários aos valores americanos e que prejudicariam a posição do país no cenário internacional.

Um funcionário do Departamento de Estado disse que o documento recebido através do Canal da Dissidência (mecanismo interno no qual funcionários do organismo expõem críticas diante das atitudes da política externa) indicou que mais de 800 funcionários já haviam se disposto a assinar um documento final de crítica ao processo, mas não se apresentavam ainda em público. Diplomatas conteudo

Segundo especialistas, a mensagem interna seria uma das mais assinadas da História do Departamento de Estado.

“A política que fecha nossas portas a mais de 200 milhões de viajantes legítimos na esperança de prevenir um pequeno grupo de viajantes que pretendem fazer o mal a americanos, usando o sistema de vistos, não alcançará a meta de fazer nosso país mais seguro”, diz o documento circulado.

O porta-voz interino do Departamento de Estado americano, Mark Toner, havia reconhecido a passagem interna do documento na segunda-feira. Em resposta, a Casa Branca mandou uma mensagem em tom ameaçador: o presidente Donald Trump espera que os diplomatas cumpram as instruções, ou que busquem outro emprego.

? Estes burocratas de carreira têm problemas com isso? Considero que devem seguir o programa, ou sair. Isso se refere à segurança dos Estados Unidos ? declarou o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. ? Aa maioria dos americanos está de acordo com o presidente” na necessidade de manter o país seguro.

Toner optou por não divulgar o conteúdo do documento, que já está circulando no Canal de Dissidência, ou relatar quantos diplomatas já assinaram, mas confirmou que se refere ao decreto assinado por Trump na sexta-feira intitulado “Proteger a nação da entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos”.

A assinatura do decreto provocou uma onda de protestos em todo o país e reações iradas no exterior. No fim de semana, os aeroportos americanos foram tomados pelo caos.

Um respeitado blog de assuntos relacionados à segurança, o Lawfare, reproduziu on-line uma versão do documento de cinco páginas nesta segunda-feira.

“Centenas de funcionários de serviços estrangeiros têm a intenção de adicionar suas assinaturas ao memorando da dissidência”, afirmou o blog.

O Lawfare considerou o gesto dos diplomatas que participam do protesto “uma importante união por parte de funcionários dos serviços estrangeiros contra o decreto”.