Cotidiano

Maestro John Neschling se cala em sessão da CPI do Municipal de SP

20160914_115102.jpgSÃO PAULO – Na manhã desta quarta-feira, o maestro John Neschling compareceu por meio de condução coercitiva a mais uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito instalada pela Câmara dos Vereadores que investiga irregularidades no Teatro Municipal de São Paulo, do qual era diretor artístico. O regente respondeu que ficaria em silêncio durante toda a acareação com José Luiz Herência, ex-diretor da Fundação Theatro Municipal. Também convocado, William Nacked, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social que administra o teatro, não compareceu.

Neschling é acusado por Herência e por Nacked, que assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público, de participar de um esquema de desvios de recursos no teatro. Um dos tópicos investigados foi um contrato do IBGC com o agente Valentin Proczynski para a realização em São Paulo do espetáculo “El amor brujo: el fuego y la palabra”, do grupo catalão La Fura dels Baus, que teria sido assinado pelo maestro. Proczynski é um dos profissionais estrangeiros que agencia o regente no exterior.

Os vereadores da CPI questionaram Neschling e Herência sobre o contrato. O regente manteve o silêncio. Herência disse que a papelada teia sido assinada em novembro de 2015, na casa do maestro em Lugano, na Suíça, com participação deles e de Proczynski. O secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo, Nunzio Briguglio, que participaria da reunião, teria dito que não poderia se ausentar do Brasil naquele momento.

Neschling foi acompanhado de outro advogado da firma de Eduardo Carnelós, que enviou nota à imprensa negando que o maestro tenha comparecido à sessão por meio de condução coercitiva. Carnelós também protestou contra a atitude de vereadores que, segundo ele, chamaram de “palhaço” o advogado que o acompanhou.

“A Poder nenhum é dado violar os direitos do cidadão, mas o que se viu no Plenário da Câmara hoje foi muito mais: constituiu-se no desrespeito aberto ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Abandonou-se a civilização; caminhamos por caminhos bárbaros.

Aos que se regogizam com tamanho show de horrores, resta lembrar que o arbítrio que atinge desafetos pode também atingir entes queridos e as próprias pessoas que o aplaudiram no primeiro momento. O resultado do ato comprova que ele nunca se destinou a apurar fatos, mas a permitir que vereadores em campanha por suas reeleições usassem o instrumento da CPI para se promoverem, às custas dos direitos constitucionais de um homem de bem.”