RIO Foram R$ 7 milhões, 18 meses de obras e dois adiamentos. Com inauguração inicialmente prevista para março deste ano, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) teve sua abertura prometida para maio, e no mês passado, teve a data corrigida para junho. Mas é um prédio renovado o que será entregue nesta quinta-feira ao público, a partir das 18h, com show de Leo Gandelman. Cartão-postal da cidade e do estado, a instituição projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada há 20 anos o aniversário será em agosto ganhou, para começar, um sistema novo de ar-condicionado. Este, segundo Luiz Guilherme Vergara, curador da instituição, era o ponto crítico a ser solucionado, uma das principais reivindicações de João Sattamini para continuar a manter lá, em regime de comodato, suas 1.200 obras (em dezembro de 2015, o colecionador renovou o contrato com o MAC, por quatro anos).
Além disso, o museu teve o teto impermeabilizado, o chão do segundo andar nivelado (havia um desnível de dez centímetros, o que interferia nas exposições) e ganhou um novo tapete com tratamento antiácaro e anti-incêndio (o tapete foi exigência do Iphan, já que constava do projeto original, tombado). A rampa que leva à entrada está com nova pintura, assim como todo o prédio, e as grades de ferro na rua foram substituídas por placas de vidro transparentes, que não interferem na vista. Há ainda o anel de luz projetado por Peter Gasper, submerso no lago, que foi refeito em LED. Para Vergara, essa é a intervenção de maior impacto visual.
O museu iluminado vai ser um fenômeno nunca visto antes empolga-se ele, que aproveita as obras para também reformar o conceito de museu. Expor, para mim, é gerar fórum no museu. Queremos que o MAC seja um polo de pensamento, um foco irradiador de arte, questões sociais e ambientais.
As mostras inaugurais são Ephemera Diálogos entre-vistas, com curadoria de Vergara, a partir de peças dos acervos MAC e Sattamini, e A arte de contar histórias, com curadoria da norueguesa Selene Wendt, com obras realizadas a partir da literatura. Elas traduzem o lançamento do programa MAC + 20, que prevê a realização de exposições para ressaltar a importância e a potência histórica da Coleção MAC Sattamini e que, simultaneamente, celebrem novas perspectivas curatoriais, através de colaborações nacionais e internacionais. Completa a programação a instalação sonora Da escuta da matéria aos escombros do ser, de Marcelo Armani, fruto de um edital da prefeitura de Niterói. A mostra A arte de… é um exemplo de interface com a sociedade: os 500 catálogos tiveram as capas em papelão pintadas, uma a uma, por jovens do Morro do Palácio, num projeto do coletivo Dulcineia Catadora.
Outro exemplo é a parceria com a Fundação Louis Vuitton, de Paris. Em maio, a grife realizou um desfile no MAC. Este recebeu R$ 1,5 milhão, a ser investido em exposições e na melhoria das duas reservas técnicas, que somam 600 m² (o projeto de uma futura Reserva Técnica Compartilhada do estado, no galpão das oficinas de escultura e cerâmica do Museu do Ingá, está mantido, mas depende ainda de estudos e projeto arquitetônico). A outra contrapartida pedida por Vergara para o desfile foi uma perspectiva de colaboração com a Fundação Louis Vuitton de Arte Contemporânea, em Paris.
Já estávamos em negociação com eles para trazer Ten thousand waves, de Isaac Julien (instalação de 2010 com nove telas de vídeo) durante a Olimpíada, para uma exposição sobre a Baía de Guanabara.
Ephemera, A arte de contar histórias e Da escuta da matéria aos escombros do ser
Onde: MAC Mirante da Boa Viagem, s/nº, Niterói (2620-2400).
Quando: Abertura 16/6, às 18h. Ter. a dom., das 10h às 18h.
Quanto: R$ 10 (na abertura, gratuito).
Classificação: Livre.