Cotidiano

Lula pede nulidade de inquérito em que é acusado obstruir Lava-Jato

BRASÍLIA ? A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou recurso à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, nesta terça-feira, pedindo a nulidade de inquérito por tentativa de atrapalhar as investigações da Lava-Jato. Lula é suspeito de participar de uma ação para silenciar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, quando o executivo estava prestes a firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Outras seis pessoas são alvo do mesmo inquérito: o ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), o ex-assessor dele Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro, o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai, e o filho dele, Maurício Bumlai. O grupo é acusado de ter cometido quatro crimes: integrar organização criminosa, patrocínio infiel, exploração de prestígio e lavagem de dinheiro.

Os advogados justificam que no recebimento da denúncia houve ?cerceamento da defesa? e também que inexiste ?fundamentação?. O recurso é assinado pelos pelos advogados José Roberto Batochio, Juarez Cirino dos Santos, Roberto Teixeira e outros quatro defensores.

A defesa de Lula alega que a delação de Delcídio do Amaral é “delirante”, citando como curiosidade ” o cenário cinematográfico descrito”, entre recebimento e entregas de dinheiro, mensagens por mecanismo de autodestruição programada e agentes encapuzados. Afirmam que é ?uma remontagem de cenários de filmes de espionagem, tudo tão ao gosto dos agentes investigadores da Força Tarefa da Operação Lava Jato?. Os advogados pedem também a nulidade da delação premiada de Delcídio.

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Federal, marcou para novembro a primeira audiência para instrução do processo. O ex-presidente indicou 13 pessoas que podem ser ouvidas como suas testemunhas de defesa, entre elas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), os deputados federais José Mentor (PT-SP), Wadih Damous (PT-RJ) , Jandira Fhegali (PCdoB-RJ), e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.