Cotidiano

Lotadas e sem leitos, UPAs retêm ambulâncias

Cascavel – O caos na saúde pública se agravou e ontem à tarde as três UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) de Cascavel estavam tão lotadas que as ambulâncias que chegavam eram retidas e usadas como leitos.

Conforme a Secretaria de Saúde, cada uma das três UPAs possui 20 leitos para pacientes que permanecem em observação. Só que, na tarde de ontem, na UPA Brasília havia 35 pacientes em observação, dos quais 18 aguardavam transferência para algum hospital. A situação era similar nas outras duas unidades: na UPA da Tancredo, havia 23 em observação, dos quais nove aguardando leito hospitalar; e, na UPA Veneza, tinha 4 pacientes no suporte, 37 em observação, sendo que 22 estão aguardando leito hospitalar via central de leitos e 13 via fluxo de ortopedia.

Ou seja. No meio da tarde, as três UPAs tinham 95 pacientes, dos quais 49 já estavam clicados na Central de Leitos para transferência a hospital. “A despeito dos esforços das equipes em agilizar a transferência de pacientes, como já é de conhecimento de todos, a transferência para leitos hospitalares é de responsabilidade do Estado do Paraná”, informou a prefeitura, em nota.

Uma das medidas recentes que a Prefeitura de Cascavel adotou para pressionar o Estado a agilizar a transferência de pacientes clicados foi a divulgação diária do boletim com os pacientes que aguardam internamento. Contudo, o governo do Estado tem tentado se manter ausente da discussão e ontem não foi diferente. A reportagem do Jornal O Paraná tentou a tarde toda contato com o chefe da 10ª Regional de Saúde, Miroslau Bailak, mas ele nem atendeu o telefone nem foi encontrado na Regional.

Em recente entrevista a O Paraná, Miroslau disse que não faltam leitos e que o problema é que os profissionais das UPAs não conseguem diagnosticar os pacientes e que, sem diagnóstico, não há transferência.

A reportagem percorreu as três unidades ontem e em todas encontrou ambulâncias paradas, com pacientes. Na UPA do Brasília, por exemplo, havia quatro veículos, do Samu e do Siate, na frente da unidade. Sem espaço dentro da UPA, o atendimento foi feito dentro das ambulâncias.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que já sugeriu ao Estado uma solução para a situação: “Como estratégia para enfrentamento da situação, solicitamos à Secretaria de Estado da Saúde do Paraná que providencie a imediata abertura da enfermaria G2, com 30 leitos, já discutido e pactuado como estratégia durante a reforma do Pronto-Socorro do HUOP e/ou o pagamento de leito administrativo (rede privada) via Estado para os pacientes que aguardam vaga hospitalar nas UPAS, possibilitando o restabelecimento das atividades”, resumiu a secretaria.