Cotidiano

Líderes da base de Temer defendem que cassação de Cunha só seja votada depois do impeachment

BRASÍLIA ? Em café da manhã nesta terça-feira com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), líderes da base aliada de Michel Temer concluíram que é melhor aguardar a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado para só depois enfrentar a votação do processo de cassação do mandato do deputado afastado e ex-presidente da Casa Eduardo Cunha. Mesmo líderes da base aliada que defendiam a votação célere, como o líder do PSB, Paulo Folleto (ES), concordam que o melhor é evitar qualquer tipo de estresse na votação do impeachment.

? Vamos deixar para depois do impeachment, para não misturar as duas coisas. A votação pode dar tensão, prejudicar o governo. O país está melhorando, temos um cenário novo de recuperação da economia e temos que preservar esse momento. Houve consenso entre os líderes de que não devemos misturar as duas coisas ? afirmou Folleto.

Até a semana passada, apenas líderes mais próximos de Cunha, como o do PTB, Jovair Arantes (GO), defendiam abertamente que a votação ocorresse depois do impeachment. Segundo os líderes, houve sugestão das melhores datas, alguns defendendo o final de agosto, entre os dias 30 e 31, e aliados de Cunha defendendo que a votação seja em meados de setembro entre os dias 13 e 14. Maia disse que está ouvindo os líderes e que deverá anunciar a data até amanhã. Para os líderes, assim que a data for marcada, a pressão será reduzida.

Nas conversas, outros líderes destacaram que já há uma tensão criada neste momento por conta da votação de matérias importantes para a economia, como a renegociação da dívida dos estados, que tem enfrentado resistência por parte da base aliada que cedem a apelos das corporações do funcionalismo. Qualquer estresse, nesse momento que antecede a votação do impeachment, diz um dos líderes, pode ser ruim. Muitos líderes aliados também ponderaram que agosto é um mês com dificuldade de quórum porque o início da campanha eleitoral exige que os parlamentares gravem programas e ajudem prefeitos e vereadores.

? Não podemos ser mais realistas que o rei. Na próxima semana, início das campanhas, vai ser difícil garantir o quórum. E esse clima todo pré-impeachment, com as votações importantes para o governo na área econômica, não devemos criar qualquer possibilidade de estresse maior ? disse um dos líderes presentes.

O líder do DEM Pauderney Avelino (AM) defende marcar a votação de Cunha para logo depois do impeachment de Dilma:

? Defendemos a votação e essa questão da data não pode ser confundia com leniência. É uma questão de estratégia e razoabilidade.

Na reunião Rodrigo Maia apresentou estudo da assessoria técnica mostrando que nas últimas 13 cassações, o tempo médio entre a votação do recurso na CCJ e a votação no plenário foi de 4 a 5 semanas, com processos mais morosos e outros mais céleres, como foi o caso do processo contra o ex-petista e vice-presidente da Casa, André Vargas (PR). A nova oposição continuará pressionando para que a votação aconteça o mais rápido possível.