Cotidiano

Libra atinge mínimo frente ao dólar desde 1985; Bolsas asiáticas caem

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RIO – Os mercados asiáticos eram dominados pela instabilidade na abertura das sessões de sexta-feira, diante da indefinição do resultado do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, que resultou na saída do país do bloco econômico. Durante a apuração do referendo, a libra caiu ao nível mais baixo frente ao dólar desde 1985, chegando a US$ 1,329 ? recuo de 12%. Quando a votação foi encerrada, às 18h (horário local, 22h em Brasília), a moeda britância era cotada a US$ 1,501 no fechamento das urnas do referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE.

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A queda superior a 10% da libra esterlina coloca a divisa a caminho do pior desempenho diário e é comparada ao recuo de 4,1% registrada na “Black Wednesday em 1992, quando o governo chegou a suspender a negociação da moeda.

? É muito provável que vejamos distensão monetária como resposta coordenada ? afirmou John Woods, diretor de investimento para Ásia-Pacífico no Credit Suisse à Bloomberg TV.

A Bolsa de Tóquio abriu em alta moderada de 0,59%, mas após uma hora reverteu a tendência e chegou a cair 8%, recuo de 1.100 pontos, à medida que a apuração indicava a saída do Reino Unido do bloco econômico. O iene avançou 4,8% frente à moeda americana, valendo 101,25 por dólar, diante da incerteza da votação, afastando-se da máxima de 106,87 ienes. É o maior salto desde 1998. Com relação a libra, a moeda japonesa avançava a nível recorde de 25%, já frente ao euro, o iene valia 115,46 ienes pela moeda.

O índice Nikkei 225 recuava mais de 1 mil pontos, a 15.200 unidades, e as ações mais importantes também registravam queda, como a da montadora Toyota, que caía 9%.

A Bolsa de Hong Kong iniciou o pregão com extrema volatilidade, abrindo em queda de 1,84%, e alcançando 5% à medida que a saída do Reino Unido se confirmava. Os papéis das instituições financeiras britânicas HSBC e Standard Chartered caíram 8,6% e 9,2%, respectivamente.

? Os mercados de capital serão afetados e podemos ver as ações asiáticas sobre pressão. Os bancos britânicos listados em Hong Kong estão sofrendo perdas significantes ? afirmou Bernard Aw, estrategista de mercado do IG em Cingapura à Reuters.

O índice Hang Seng de Hong Kong caiu 4,7%, a 19.894,12 pontos ? o menor nível em um mês.

Saiba como o Brexit pode afetar a economia

Na China, a Bolsa de Xangai abriu em queda de 0,28%, ampliando para 0,90%, e a de Shenzhen, de 0,16%. O índice Shanghai Composite recuou 1,2%. A Bolsa de Sidney perdia 2,5% e a de Seul, 2%.

? Os investidores oscilam entre a esperança e a desesperança, a medida em que saem os resultados ? resumiu à AFP Hideyuki Suzuki, analista da SBI Securities em Tóquio.

Charles Wang, presidente da Appleridge Capital Management, disse à reuters que o Brexit “não é necessariamente uma coisa ruim para o Reino Unido no longo prazo, mas no curto, o impacto nos mercados globais poderiam ser maiores do que a crise da dívida europeia”.

? Os riscos de eventos políticos são muito grandes, e não aposto em algo que está fora do controle. Nas próximas semanas, veremos muita volatilidade ? disse o economista.

RECUO NO PREÇO DO PETRÓLEO

As perdas se estendiam ao setor petroleiro. O barril de petróleo Brente (referência internacional) chegou a cair US$ 3,14, cotado a US$ 47,77. Já o tipo WTI (West Texas Intermediate, mais comercializado no mercado americano) chegou a registrar queda de US$ 3,11, negociado a US$ 47.

O euro avançou 6%, a 81,20 centavos de libra, atingindo o maior nível em dois anos. Frente ao dólar, a moeda europeia caiu 3,6%, chegando a ser negociada a US$ 1,097.

Segundo o jornal inglês “The Guardian”, operadores de mercado em Londres esperam uma queda de ao menos 7,5% no índice FTSE 100, recuo de 480 pontos na abertura da sessão. No fechamento do mercado na quinta-feira, o índice caiu 2,01%, a seu menor patamar em pontos desde o fim de fevereiro, quando o primeiro-ministro inglês, David Cameron, anunciou a data do referendo. O banco Morgan Stanley espera uma queda entre 15% e 20% nos títulos europeus.

DISPUTA ACIRRADA

Os partidários e os opositores à permanência na União Europeia disputavam voto a voto após o início da apuração do referendo realizado na quinta-feira. Enquanto importantes pesquisas divulgadas durante o dia de votação indicaram que a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) sairia vitoriosa, as apurações mostraram o contrário: com 32,5 milhões de votos apurados e 374 distritos contabilizados (dos 382 em jogo), 51,8% dos eleitores votavam pela saída, contra 48,2% a favor da permanência. Isto levou meios de comunicação como Sky News, BBC e ITV a projetarem o Brexit (abreviação de British Exit, que significa ?Saída Britânica? em inglês) como vencedor.

Durante as primeiras horas, a opção Leave (“sair”) tomou dianteira sobre o permanecer. Depois, o Remain (“permanecer”) chegou a ter vantagens intermitentes, mas os resultados voltaram a se inverter. Os apoiadores do chamado Brexit deram indicações de provável derrota em discursos, mas acabaram voltando atrás.

As apurações mostraram índices de participação maiores que os das eleições gerais de 2015, girando em torno dos 72%.

Em Newcastle, primeira cidade a divulgar a apuração, a permanência na UE venceu por pequena margem, enquanto em Sunderland, outra cidade do norte da Inglaterra, a saída do grupo europeu ganhou com ampla vantagem. A permanência na UE venceu por 50,7%, contra 49,3% a favor do Brexit em Newcastle, mas o resultado preocupa os defensores da UE.