Cotidiano

?Lei da intimidação contra grandes investigações?, reage coordenador da Lava-Jato

SÃO PAULO. O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, criticou a inclusão, no pacote anticorrupção, da possibilidade de que juízes e integrantes do Ministério Público respondam por crime de responsabilidade.

?Está sendo aprovada a lei da intimidação contra promotores, juízes e grandes investigações?, disse Deltan, no Twitter, na madrugada desta quarta-feira, durante a votação.

Pela emenda aprovada, integrantes do Ministério Público podem responder pelo crime de abuso de autoridade se, por exemplo, promoverem a ?instauração de procedimento sem que existam indícios mínimos de prática de algum delito?. Além da ?sanção penal?, o procurador ou promotor poderiam estar sujeitos ?a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado?. Já os magistrados podem ser enquadrados em oito situações, entre elas, se ?expressar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento?. A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão e multa.

O texto aprovado ainda é mais brando do que o proposto inicialmente pelos deputados, que queriam que integrantes do Judiciário respondessem por crime de responsabilidade, o que poderia levar até mesmo à perda do cargo.

Deltan foi o grande nome à frente das dez medidas medidas originais, apresentadas ao Congresso pelo Ministério Público, autor do pacote.

Das dez, apenas duas permaneceram integralmente – criminalização do caixa dois e o artigo que exige que os tribunais de Justiça e o Ministério Público divulguem informações sobre tempo de tramitação de processos e que se identifiquem as razões da demora de julgá-los. Permaneceu parcialmente a limitação do uso de recursos que protelam o andamento dos processos e a medida que torna corrupção em crime hediondo quando a vantagem ou prejuízo para a administração pública for igual ou superior a dez mil salários mínimos vigentes à época do fato.