Cotidiano

Julgamentos de PMs condenados por massacre do Carandiru podem ser anulados

SÃO PAULO – A 4ª Câmara Criminal do Tribunal do Júri de São Paulo começou a reanalisar nesta terça-feira os julgamentos de 74 policiais militares condenados por envolvimento no massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos em 1992. A defesa entrou com um recurso e, se aceito, os julgamentos podem ser anulados e os processos retornariam à fase inicial.

Os policiais foram julgados em cinco tribunais de júri e em todos houve condenação. Uma das penas chegou a 624 anos de reclusão. No entanto, a defesa entrou com um recurso alegando que as decisões dos jurados foram contra as provas.

O crime aconteceu em 2 de outubro de 1992 depois que tropas da Polícia Militar entraram na Casa de Detenção de São Paulo para conter um briga entre presos. A direção da penitenciária pediu a ajuda da PM para controlar a situação. A entrada dos policiais militares foi autorizada pelo então secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, e pelo ex- governador paulista Luiz Antônio Fleury Filho.

Sobreviventes e familiares de vítimas contestam os dados, dizendo que o número de mortes foi superior a 111. Participaram da invasão ao Carandiru as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a Tropa de Choque, o Comando de Operações Especiais (COE) e o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

A ação da PM no Carandiru durou cerca de meia hora. Apesar dos presos não portarem armas de fogo, exames do Instituto Médico Legal mostraram que 102 detentos foram mortos com tiros. Nove deles foram vítimas de golpes de armas brancas, o que indica que as mortes podem ter ocorrido antes da chegada da PM. Nenhum policial foi morto.