Cotidiano

Jaques Wagner, sobre relógio dado pela Odebrecht: 'Guardei mas não usei'

2015 838096239-2015080306828.jpg_20150803.jpgRIO – Jaques Wagner (PT-BA), ex-ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, afirmou que nunca utilizou o relógio dado por Cláudio Filho, ex-diretor da Odebrecht. Filho disse em delação premiada ter dado dois relógios, que totalizariam mais de R$ 80 mil, no aniversário do petista. Perguntado em entrevista à Rádio Metrópole, da Bahia, sobre o depoimento do ex-diretor da empreiteira, Wagner afirmou:

Delação Odebrecht– Eu acho uma cretinice dele. Se eu fiz aniversário e ele me deu um presente, eu não vou ficar perguntando ao cara quanto custou – disse ele, ressaltando que considera o presente de Cláudio Melo “pessoal”.

O ex-ministro completou dizendo que nunca usou o presente:

– Guardei e nunca usei, porque eu uso outro tipo de relógio. Mas se o cara me deu de presente, vou fazer o que? – perguntou o baiano.

Ele declarou ainda que houve várias tentativas da Odebrecht de conseguir vantagens enquanto ele foi governador da Bahia, mas ele nunca cedeu.

– Se era para me comprar, deu com os burros n’água.

O ex-governador também criticou os vazamentos de informações.

– Isso tinha que ser guardado, investigado, e vir à tona quando já estivesse tudo esclarecido. Mas aqui, virou um circo.

SEGUNDO DELATOR, WAGNER GANHOU DOIS RELÓGIOS

Cláudio Filho, em delação premiada, mencionou dois relógios dados como presente de aniversário a Wagner. Em março de 2012, o petista recebeu um relógio da marca Hublot, modelo Oscar Niemeyer, que tem no fundo uma imagem do Congresso Nacional, e cujo preço é US$ 20 mil (R$ 67,4 mil). O outro relógio presenteado, de marca Corum, vale US$ 4 mil (R$ 13,5 mil).

No início das relações entre as partes, em 2006, os dirigentes da Odebrecht não tinham grande confiança em Wagner, segundo Cláudio Filho. Entretanto, o ex-ministro obteve reconhecimento da empreiteira ao longo de seu mandato como governador da Bahia por demonstrar “atenção” aos pedidos da empresa.

“A atenção demonstrada por Jacques Wagner aos temas que eram de interesse da Odebrecht reforçou a sua imagem no grupo e qualificou-o como beneficiário de melhores recebimentos financeiros. O próprio Jacques Wagner fez questão de encaminhar esse pedido de apoio financeiro mais qualificado, apoiando-se na cuidadosa atenção que demonstrou aos nossos pleitos ao longo do seu primeiro mandato como Governador da Bahia”, disse o ex-diretor da Odebrecht.