Cotidiano

Ingrid Guimarães sai da zona de conforto, mas defende o cinema comercial

201609021840034327.jpgRIO ? Em cartaz desde quinta-feira, ?Um namorado para minha mulher? representa uma guinada na carreira de Ingrid Guimarães. Com uma imagem associada a comédias comerciais, a atriz vive no filme de Julia Rezende (de ?Meu passado me condena?, 2013) uma personagem diferente das que ela está habituada. Em suas próprias palavras, é uma ?mulher fora do padrão e da moda?.

Estrela de ?Loucas pra casar? (2015) e dos dois ?De pernas pro ar? (2010 e 2012), todos de Roberto Santucci ? juntos, os filmes venderam mais de 12 milhões de ingressos ?, a comediante de 44 anos agora interpreta Nena, uma mulher desempregada e mal-humorada que está num relacionamento fracassado. O cotidiano de Nena e Chico (Caco Ciocler) é pontuado por reclamações e críticas ao comportamento humano. Sem coragem para pôr fim ao casamento, o marido contrata um homem (Domingos Montagner) para conquistar a própria mulher e acelerar o divórcio.

Refilmagem do argentino ?Um namorado para minha esposa? (2008), de Juan Taratuto, o longa não foi feito apenas para rir: há também momentos melancólicos.

? E acho que é um dos meus melhores trabalhos como atriz ? diz a Ingrid, que também assina o roteiro, ao lado de Lusa Silvestre. ? Nunca abandonarei a comédia, mas fiz três blockbusters e quero diversificar. Além disso, é uma personagem feminista. Fico incomodada com convites que recebo para interpretar mulheres que vivem em função de um homem. Nesse filme, eles é que vivem em função dela.

A mudança de rumo na carreira já havia sido sinalizada em ?Entre idas e vindas?, de José Eduardo Belmonte (que estreou em julho), em que Ingrid fez um papel dramático. Atualmente, produz, junto com Mariza Leão, um drama baseado numa história real, sobre uma mulher que perde a memória dos últimos dez anos de sua vida. E será uma vilã em ?Novo mundo?, novela das 18h prevista para o ano que vem. Mas nada disso significa que Ingrid rejeite seus filmes anteriores, e ainda sai em defesa da comédia comercial:

? São filmes que se comunicam bem com o público. As pessoas deixam de ver uma produção de Hollywood para assistir ao cinema nacional. E há a questão da formação de plateia. Há muitos adolescentes que veem meus filmes. Entendo que a crítica tenha ressalvas à qualidade e obviedade (do gênero), mas é como se aqui no Brasil fosse proibido fazer sucesso. Sempre há comparações com filmes de arte. Estreamos ao mesmo tempo que ?Aquarius? (de Kleber Mendonça Filho). É uma maravilha: as pessoas podem assistir a dois longas completamente diferentes.

Ativa nas redes sociais ? só no Twitter, tem 1,8 milhão de seguidores ?, Ingrid costuma ler um outro tipo de acusação, esta muito comum a atores de cinema: a de que os artistas se beneficiam da Lei Rouanet.

? Muito raramente se usa a lei para o cinema. E, no teatro, usamos no início. Fiquei 11 anos em cartaz, e o dinheiro que captamos pela Rouanet acabou nos primeiros seis meses. Os outros dez anos foram bancados pela bilheteria. Se não tiver público, não há dinheiro para pagar o empregado.