Cotidiano

 Indústria do Paraná encolhe 23%

Curitiba – Pelo quarto ano consecutivo as vendas industriais reais paranaenses tiveram desempenho negativo. Em 2017 a queda foi de 2,16% em comparação com 2016. No acumulado desde 2014 a retração já soma 23,16%. Os dados são da pesquisa Indicadores Conjunturais da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná). O estudo mostra que as sucessivas quedas começaram em 2014, com redução de 6,4%; seguindo em 2015 (8,44%); em 2016 (7,40%), e a 2,16% em 2017.

Quatro anos de quedas sucessivas é algo inédito: “É um fato nunca antes verificado desde o início da série histórica dos Indicadores Conjunturais, em 1986”, observa Roberto Zurcher, economista da Fiep.

Ele acrescenta que em qualquer ambiente econômico são estes os sinais característicos de crise. Conforme análise da Fiep, o fraco desempenho do faturamento industrial é consequência dos típicos e clássicos problemas da economia nacional, como gastos públicos excessivos e crescentes e reduzida produtividade; carga tributária e encargos sociais elevados; reduzidos grau e padrão de escolaridade; infraestrutura deficiente e repleta de gargalos e baixos níveis de poupança e de investimento.

“Estes são alguns dos fatores restritivos que determinam taxas de crescimento econômico descolados do potencial de recursos disponíveis para transformação em riqueza”, comenta o economista.

Custo Paraná

Além da crise nacional, a indústria do Paraná teve outro problema: medidas adotadas pelo governo estadual que atingiram diretamente a competitividade do setor. Segundo o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, medidas adotadas para ajustar as contas estaduais nos últimos anos, a exemplo da elevação de alíquotas dos ICMS, “somam-se a todos os fatores negativos, gerando novos custos para as empresas e reduzindo o poder de concorrência”.

Para Campagnolo, o mais grave é que esse tipo de medida, como a adotada pelo governo do Paraná, revela uma estratégia perversa de transferência dos problemas de caixa do Poder Público para a sociedade, como o aumento da arrecadação, sem que haja aprimoramento da gestão no sentido de enxugar a máquina pública e aplicar o dinheiro dos impostos de maneira eficaz.

Emprego

No emprego, a queda acumulada nesses quatro anos chega a 14,8%. “O percentual evidencia uma redução na produtividade (declínio no valor do faturamento por empregado), o que implica a necessidade de novos e mais ajustes”, observa Zurcher.

Recuperação

A expectativa é de que em 2018 a indústria paranaense continue caminhando para a recuperação. Mas, segundo o economista da Fiep, esse caminho terá que ser marcado por muita perseverança e disciplina para atingir o nível de 2013: “Após esses últimos quatro anos de queda no faturamento real, os indicadores mostram que 2018 terá vendas industriais superiores a 2017 em menor ou maior grau dependendo das reformas estruturais que venham ou não a serem implantadas”.

Segundo análise da Fiep, a tendência é de que o nível de emprego também dê sinais de recomposição, mas certamente numa proporção menor, pois a partir de agora volta e deve ser enfatizada a recuperação da produtividade também perdida nos últimos anos.