Cotidiano

Imprensa britânica se divide sobre campanhas a favor e contra Brexit

brexit.jpg LONDRES ? A poucos dias do referendo que decidirá se o Reino Unido fica ou deixa a União Europeia (UE), a imprensa britânica mostrou que está dividida sobre qual é a melhor opção para o futuro do país. A consulta popular acontece na próxima quinta-feira, após meses de embate entre as campanhas a favor e contra o Brexit.

Em sua edição de domingo, o “The Mail” se declarou a favor da permência no bloco europeu. A publicação disse que não é hora de arriscar a paz e a prosperidade do Reino Unido ? e criticou os políticos da campanha para a saída. O editorial de duas páginas alerta que o país enfrentaria altas tarifas, turbulências no mercado financeiro e um período de incerteza caso deixe a UE.

“A mente humana sabe que, especialmente no mundo em que vivemos hoje, nossos mais profundos desejos devem de alguma forma serem moderados para caber na cada vez mais difícil realidade de um mundo competitivo em que, apesar de ainda sermos uma grande nação, nós não mais temos o poder e a riqueza que em outros tempos nos permitiu viver em esplêndido isolamento”, disse o jornal.

O “The Observer” também defendeu que o Reino Unido não deixa a UE. Em um artigo, o jornal disse que os britânicos não devem dar às costas ao projeto europeu, embora reconheça as falhas do bloco.

“Para um Reino Unido internacional, liberal e aberto, nós precisamos ser parte da UE”, diz a manchete da publicação.

Em contrapartida, o “The Sunday Times” saiu em defesa do Brexit. Em seu editorial, o jornal pediu o relaxamento da associação entre o Reino Unido e a UE. Criticando a diplomacia por escolher um referendo sobre a questão, a publicação afirmou que, agora, votar para que o país saia do bloco é a melhorar forma de lidar com desafios econômicos e políticos.

O “The Sunday Telegraph” também expressou ser favorável ao Brexit. O jornal disse que a UE já pertence ao passado e que sair do bloco não significa deixar a Europa.

“Acreditamos que a campanha para deixar a UE articulou uma visão ambiciosa para o Reino Unido como uma nação independente, mais uma vez livre para tomar suas próprias decisões”, disse a publicação.

Após passar a ficar atrás nas pesquisas, a campanha para que o Reino Unido permaneça na UE conseguiu vantagens pequenas em novas sondagens realizadas no sábado, cinco dias antes do referendo que decide o futuro do país no bloco.

A pesquisa Survation para o jornal “Mail on Sunday” indica uma vantagem de 45% a 42% contra o “sair”, e a YouGov para o “Sunday Times” mostra um apertudo resultado favorável à permanência: 44% a 43%. Ambas foram realizadas logo após a morte da parlamentar trabalhista Jo Cox, defensora do país dentro da UE, num caso que chocou o mundo e suspendeu as campanhas.