BERLIM – A perseguição política e às liberdades individuais embalou a exibição e as discussões sobre o filme de abertura do Festival de Berlim, “Django”, nesta quinta. Mas também esteve em pauta na coletiva de imprensa com o júri da competição pelo Urso de Ouro, presidido pelo cineasta holandês Paul Verhoeven (do recente sucesso ?Elle?). Dado o forte teor político da Berlinale deste ano (que vai até o dia 19), os integrantes do painel de jurados se viram instigados a falar sobre temas quentes, sugeridos pela ascensão dos movimentos de direita no mundo inteiro, representados na figura de Donald Trump ? sem que sequer que o nome do recém-empossado presidente americano fosse mencionado.
? Gostaria que as pessoas no mundo inteiro soubessem que há muitos americanos, como eu, prontos a resistir ? disse a atriz americana Maggie Gyllenhaal, ladeada pelo ator e produtor mexicano Diego Luna, o cineasta chinês Wang Quan?an, o artista islandês Olafur Eliasson, a atriz alemã Julia Jentsch, e a produtora tunisiana Dora Bouchoucha Fourati. ? Para mim, uma cidadã americana, é incrível participar de um festival internacional como este, com tantos assuntos em discussão, no atual momento em que vivemos.
DIEGO LUNA EXALTA REAÇÃO A MURO
Coestrela de ?Rogue one ? Uma história Star Stars?, Luna foi instado a comentar sobre governos que continuam a construir muros para deixar indesejáveis do lado de fora:
? A única coisa positiva sobre essa proposta do novo presidente americano foi a reação que ela gerou ? comentou o mexicano. ? Quero fazer parte dessa resistência, rejeitar tudo esse ódio e esse absurdo. Eu, como mexicano, estou acostumado a cruzar a fronteira entre o meu país e os Estados Unidos pelo menos umas quatro vezes por mês. Há muitas histórias de amor de ambos os lados, e cada uma delas nos ajudam a compreender melhor o outro.
Verhoeven, que construiu sua carreira internacional em Hollywood, dirigindo filmes como ?Robocop? e ?Instinto selvagem?, foi mais diplomático:
? Estou aqui apenas para avaliar filmes, sem qualquer preconceito político. Eu vou me guiar pela qualidade dos filmes.
* Carlos Helí de Almeida está hospedado a convite do festival
