Cotidiano

Governo colombiano e Farc divergem sobre sequência a acordo aprovado

Colombia Peace-G4R319NGI.1.jpgBOGOTÁ ? O impasse sobre a implementação do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) preocupa o governo e a guerrilha logo após ser referendado por unanimidade no Congresso. O presidente Juan Manuel Santos pedira aos membros do grupo que se dirigissem às zonas de transição, mas a direção guerrilheira rebateu que falta garantia da Justiça. Em cinco dias, segundo o governo, começaria o traslado dos guerrilheiros, que culminaria com o desarmamento total das Farc. Mas os dois lados não estão de acordo quanto aos prazos, e temem que a Corte Constitucional demore para dar aval aos termos do pacto. farc

Na noite de quarta-feira, o presidente Juan Manuel Santos informou que, antes do fim do ano, em 30 de dezembro, todos os membros do grupo devem estar nas zonas. Mas Pastor Alape, integrante da direção das Farc, lembrou que ainda falta definir o local para a chegada dos guerrilheiros.

? Nenhum dos pontos têm a logística necessária para receber os 15 mil ex-combatentes que serão beneficiados pela anistia, ou seja, aqueles que sairão da prisão e os que permanecem na reserva ? disse, em entrevista à Radio Caracol.

Santos garantiu, no entanto, que em 150 dias todas as armas das Farc devem estar em poder da ONU. O Ministério de Defesa, por sua vez, confirmou que já tem tudo pronto para a etapa da desmobilização. Para isso, 12 mil militares farão a segurança dos ?corredores de mobilidade? e nas 27 zonas de transição.

? Existe um acordo escrito nos novos textos, onde está claro que tudo pactado entra em vigência assim que for referendado, e este procedimento foi cumprido. As Farc não podem impor novas condições ao acordo ? rebateu Sergio Jaramillo, membro da equipe de negociação do governo, em entrevista coletiva. ? Neste momento estamos preparando um primeiro pacote de indultos pelo presidente, enquanto se apresenta a lei de anistia e se realiza todos os trâmites legislativos.

O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, ressaltou que “a lei de anistia é urgente” e será apresentada no Congresso na semana que vem ? junto a ela, outras propostas que serão avaliadas no Legislativo, como a legislação relacionada à criação do novo partido político e de uma unidade de busca de pessoas desaparecidas. No entanto, tudo isso só será ratificado se houver aprovação pela Corte Constitucional do país, para a qual o governo requeriu a aplicação do sistema ?fast track? (no qual são burlados trâmites normais que podem levar meses e desestabilizar o pacto).

? O que todos os colombianos estão aguardando é um avanço rápido na desmobilização e desarmamento ? pressionou Cristo.

Colômbia aprova acordo de paz com as Farc

O acordo manteve a promessa feita aos guerrilheiros de que poderiam formar um partido político, disputar eleições e ocupar cargos públicos ? algumas das maiores críticas da oposição, liderada pelo ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe. Por isso, o governo tem pressa. A oposição queria que o documento fosse aprovado em um novo plebiscito, mas Santos decidiu submetê-lo à aprovação do Congresso, onde tem maioria.

A urgência para referendar o pacto revisado buscava ainda superar a incerteza provocada pelo limbo em que entrou o processo de paz, principalmente depois que o cessar-fogo foi perturbado pela morte de dois guerrilheiros, há poucas semanas, em supostos combates com o Exército. Alape lembrou que a Corte Constitucional ?tem sobre seus ombros a responsabilidade de desenvolver a construção de esperança no país? e advertiu a oposição.

? Peço que o Centro Democrático entenda que estamos deixando para trás uma etapa em que o debate político se fez pelas armas. É hora de construir o país em condições civilizadas. O que mudou no novo acordo com as Farc