Cotidiano

Fundo de pensão de Furnas prevê evitar contribuição extra para cobrir déficit

RIO – A Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas, está otimista com a possibilidade de evitar um equacionamento do déficit de R$ 2,58 bilhões registrado no ano passado. A expectativa do diretor de investimentos, Eduardo Garcia, é que a melhora do mercado financeiro em 2016 permita aos planos da fundação atingir rentabilidade suficiente até dezembro para compensar o rombo.

? Esse déficit não pode ser confundido com outros da indústria de fundos. Trata-se de um déficit técnico causado pela conjuntura econômica e também por mudanças em nossa metodologia de contabilizar o passivo dos planos. Esse ano, temos a expectativa de zerar esse déficit e já temos tranquilidade para dizer que não deve haver equacionamento ? afirmou Garcia.

O balanço de 2015 da Real Grandeza atribui o mau resultado daquele ano à alta da inflação (parte importante da meta de rentabilidade dos planos é batê-la), a elevação dos juros e à queda de 13,3% da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Segundo Garcia, o desempenho dos seus dois principais planos está muito acima da meta atuarial para o ano. O plano BD (benefício definido, modelo mais antigo pelo qual o participante sabia de antemão quanto receberia na aposentadoria) está rendendo 21% no ano, até 9 de setembro, de acordo com Garcia. Sua meta é ter rentabilidade que bata a inflação (medida pelo INPC), acrescida de juros de 5,7% ? até o fim de agosto, essa meta era de 11,79%.

O Plano BD da Real Grandeza é o terceiro maior do tipo no Brasil, com R$ 12,5 bilhões investidos, atrás apenas dos de Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica). No fim de 2014, ele tinha 8.297 de aposentados.

Já no plano CD (contribuição definida), a rentabilidade acumulada no ano é de 26% segundo Garcia, para uma meta de inflação (medida pelo índice IGP-DI, da FGV) mais juros de 5,6% ? cálculo que somou 11,67% até o fim de agosto.

Segundo o Real Grandeza, esse desempenho gera um superávit no ano capaz de reduzir o déficit do ano passado para R$ 500 milhões. Nesse patamar, segundo as novas regras da Previc, autarquia que supervisiona os fundos de pensão, não haveria necessidade de equacionamento.

Atualmente, o plano CD está realizando um equacionamento que desconta 0,1% do salário dos participantes da ativa, por um período de 20 anos, para cobrir um déficit de R$ 8,37 milhões registrado em 2014.

A Real Grandeza é o nono maior fundo de pensão do país, com R$ 13,4 bilhões em investimento, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). A fundação tem 12.920 participantes, sendo 4.176 na ativa.

Segundo o diretor de investimentos, o bom resultado este ano está ligada à estratégia de elevar a aposta na renda fixa. A fundação comprou R$ 1,2 bilhões em títulos públicos nos últimos 12 meses. Garcia argumenta que o objetivo foi aproveitar os juros altos do período e lucrar com a redução prevista das taxas daqui para frente. Sempre que os juros caem, títulos públicos adquiridos no passado ganham valor pois oferecem taxas maiores que as atuais. Em 12 meses, os juros do contrato de juro futuro com vencimento em 2021 caíram de 15% para 12,10%

No plano BD, que concentra quase toda a carteira da fundação, a fatia de investimento em renda fixa saltou de 70,8% para 76% de 2014 para 2015.

Mas as condições de mercado se inverteram, com a melhora das expectativas com relação à economia e a mudança de governo. A Bolsa, patinho feio que registrou queda por três anos consecutivos, acumula disparada de 33,6% em 2016, enquanto a queda dos juros futuros torna menos atraente a aposta em títulos públicos de renda fixa. A mudança vai obrigar o Real Grandeza a promover alterações em sua carteira.

? Para o futuro, estamos voltando a discutir uma diversificação de carteira, sobretudo por causa do recuo dos juros. Somos bastante simpáticos, por exemplo, a fundos imobiliários. Fundos de Investimento em Participações (FIPs) também são instrumentos interessantes ? avaliou Garcia.