Cotidiano

Freixo diz que crise econômica não é causada por excesso de despesas do governo

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RIO ? O candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, afirmou nesta quarta-feira que a crise econômica do país não é provocada por excesso de despesas do governo federal, mas por problemas na arrecadação das receitas. Segundo ele, há um ?equívoco no entendimento? do assunto. A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada, em primeira discussão, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o crescimento do gasto público à inflação do ano anterior por um período de vinte anos. A bancada do PSOL votou contra a medida, e Freixo já se manifestou contrário ao projeto.

Freixo tem se reunido com economistas, como Eduarda La Rocque, que foi secretária municipal de Fazenda na gestão de Eduardo Paes, e Laura Carvalho, professora da USP. Em breve, a campanha vai apresentar oficialmente o grupo que tem auxiliado o candidato no debate econômico.

? A crise não acontece por excesso de despesa. A gente vem gastando menos nos últimos anos, em todas as esferas. A crise acontece, fundamentalmente, por uma crise de arrecadação. Não acho que vamos resolver a crise investindo menos em educação e saúde. A gente vai resolver se conseguir arrecadar mais, dialogar mais com o setor produtivo, gerar mais emprego ? defendeu o candidato.

De acordo com dados do Ministério da Fazenda, o crescimento real (descontada a inflação) da despesa primária (excluindo-se o pagamento de juros) da União foi de 4,6% entre 2011 e 2015. A taxa havia sido de 8,3% entre 2007 e 2010. Em 2015, o valor nominal correspondeu a 19,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Trazendo a discussão para o âmbito municipal, Freixo traçou como meta aumentar a arrecadação. A única proposta de aumento de impostos defendida foi o fim da isenção de ISS para as empresas de ônibus. O candidato retirou do programa de governo propostas que poderiam resultar no aumento do IPTU.

? Não vejo nenhuma razão para empresário de ônibus ter isenção de ISS. Hoje eles pagam 0,01%. Aumentou a passagem acima da inflação, aumentou o número de passageiros, eles (ônibus) andam uma quilometragem menor e (os donos das empresas) empregam menos gente por causa da dupla função de motorista e trocador. Não há nenhuma razão para esse setor ter isenção de ISS, enquanto o setor de alimentos não tem qualquer isenção ? disse.

Freixo reuniu-se nesta manhã com empresários e funcionários de empresas das áreas de alimentos e de logística. O evento aconteceu na sede da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), na Penha, Zona Norte. De acordo com o presidente da Asserj, Fábio Queiroz, o setor representa R$ 20 bilhões em vendas na cidade e gera 480 mil empregos, entre diretos e indiretos. O candidato prometeu voltar a encontrar o grupo, caso seja eleito, e acenou com a possibilidade de reduzir a carga tributária, com o intuito de gerar mais receita para o município.

? Mutas vezes você aumenta a arrecadação da prefeitura reduzindo a carga tributária. É uma questão de diálogo e de planejamento. O que a gente está fazendo é chamar o empresariado para a responsabilidade de a cidade ser mais produtiva e arrecadar mais. A gente pode gerar mais emprego, isso pode ser bom para o empresário, para a prefeitura e para a população. Claro que tem que cortar onde não é necessário gastar investir onde é necessário.

Freixo disse ainda que pretende unir as secretarias de Casa Civil e de Coordenação de Governo em uma só, que seria a de Planejamento. O candidato afirmou também que vai unificar as pastas de Obras e Conservação, assim como Saneamento e Meio Ambiente. Na quinta-feira, os representantes do setor vão se encontrar com o candidato do PRB, Marcelo Crivella, na sede do partido, em Benfica.

O candidato do PSOL acusou ainda o adversário de ser machista. Como O GLOBO publicou nesta quarta-feira, Crivella organizou um livro com frases do Bispo Edir Macedo, seu tio e líder da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Bispo Macedo afirma que a mulher seja ?submissa? ao marido e ?cumpridora de deveres como mulher, mãe e dona de casa?.

? Minha tendência literária é outra. O Crivella tem uma origem, ele e sua organização, que é machista, preconceituosa e violenta. Ele tenta esconder isso com uma fala mansa, mas essa máscara está caindo e a sociedade está conhecendo quem ele realmente é.