Cotidiano

Favorito da direita francesa vence debate

TOPSHOT-FRANCE-POLITICS-VOTE-PRIMARIES-RIGHTWING-REPUBLICAINSPARIS ? Grande favorito para a vaga da direita francesa, o ex-premier François Fillon, o ?Senhor Ninguém?, segundo seu ex-mentor, Nicolas Sarkozy, foi o grande vencedor do primeiro debate com seu rival, o moderado Alain Juppé, na noite de quinta-feira. No confronto de cerca de duas horas, Fillon prometeu uma ruptura mais radical do que Juppé, advertindo que o país está à beira da revolta. Os dois ex-primeiros-ministros franceses ainda discordaram sobre a forma de combater o elevado desemprego no país. De acordo com uma pesquisa Ifop-Fiducial, Fillon deve ser o vencedor das primárias com 65% dos votos.

As diferenças entre os dois são muitas. Admirador de Thatcher, Fillon prometeu reduzir o gasto público em ? 100 bilhões, cortar 500 mil postos no funcionalismo público, abolir a semana de 35 horas e aumentar a idade da aposentadoria para 65 anos. Já Juppé defendeu reformas profundas, mas ?sem brutalidade?.

? Meu projeto é mais radical, talvez mais difícil. Meu diagnóstico é que nosso país está à beira da revolta ? disse Fillon, que descreveu um país com ?impostos cada vez mais altos, uma dívida abismal e um desemprego em massa?.

Juppé, por sua vez, admitiu que os franceses devem trabalhar mais, mas colocou um limite de 39 horas por semana no funcionalismo público. Propondo uma reforma mais gradual, ele chamou as promessas do ex-premier de Sarkozy de irreais.

? Há duas correntes: uma direita que divide e uma direita de união ? alfinetou.

Aos 62 anos, Fillon venceu o primeiro-turno das primárias com surpreendentes 44% dos votos, contra 28% de Juppé e 21% de Sarkozy, no último domingo. E após uma semana marcada por fortes trocas de acusações ? Fillon foi chamado de ?conservador medieval? por suas posições em temas como o aborto ou o casamento gay, e o adversário foi apelidado de ?candidato dos islamistas?, pelo seu apoio à diversidade cultural de França ? o debate s teve um tom mais amigável.

A maioria das acusações partiram de Juppé, que acusou o adversário de ser apoiado pela extrema-direita. Diante de uma esquerda cada vez menos popular e dividida, liderada pelo presidente Hollande, o vencedor tem boas chances ser eleito, num duelo com a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen.

? Há três pessoas da extrema-direita que me apoiam, mas também há trezentos do centro que decidiram me apoiar ? rebateu.

Juppé atacou ainda com a ligação de Fillon a Vladimir Putin, e lembrou que o presidente russo considerou Fillon ?um negociador duro e um homem decente?.

? É a primeira vez que, numa decisão política francesa, o presidente russo escolhe um candidato ? atacou.