Cotidiano

Famílias deixam acampamento do MLST às margens da BR-369

Pelo menos 17 famílias desmancharam suas casas ainda no início da noite

Cascavel – O cenário em frente à Fazenda Bom Sucesso, às margens da BR-369, entre Cascavel e Corbélia, não é mais o mesmo. Cerca de 40 famílias foram surpreendidas na tarde de quinta-feira (13) com viaturas da Polícia Militar e, a pedido do comando, desocuparam a faixa de domínio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte).

Segundo informações dos próprios integrantes do MLST (Movimento de Liberação dos Sem Terra), pelo menos 17 famílias desmancharam suas casas ainda ontem.

“Os policiais chegaram avisando para a gente deixar o local. Pedimos um prazo para que pudéssemos nos organizar e desmanchar os barracos. Muitos foram surpreendidos com o pedido, pois não estávamos esperando”, disse o sem-terra João da Silva Machado.

Já a sem-terra Rose Balmam conta que foram avisados há oito dias pelo secretário de Assuntos Fundiários de que as famílias seriam deslocadas para três áreas: em Quedas do Iguaçu – próximo à Araupel -, Guaraniaçu e Ibema.

“Fomos informados que teríamos novo lugar para morar. Foi prometido pelo secretário que desta vez iríamos para uma área nossa. Mas não foi bem isso que ocorreu. Estamos no escuro desmanchando nossas casas sem ter para onde ir”, criticou.

A maioria dos moradores afirmou que iriam transportar as madeiras e telhas para o Assentamento 1º de Agosto do MST (Movimento Sem Terra), que fica às margens da BR-277, sentido Curitiba.

“Eles chegaram sem documento e praticamente sem prazo para desocupação. Vamos nos abrigar no Assentamento 1º de Agosto, pois  não tenho para onde ir”, disse.

Há dez anos a área tinha sido invadida pelo MLST. A Fazenda Bom Sucesso, que fica anexo às margens da rodovia, teve reintegração de posse em outubro do ano passado, quando cerca de 50 barracos foram desmanchados com a presença de policiais.

Reintegração confirmada

O secretário de Assuntos Fundiários, Hamilton Serighelli, confirmou a reintegração às margens da rodovia.

“Eles foram avisados e estão deixando o local de forma pacífica e contou com a ajuda do proprietário da Fazenda Bom Sucesso, que cedeu os caminhões para as mudanças. Eles foram comunicados e muitos estão indo para acampamentos do MST. Temos mais uma semana para vencer o prazo da reintegração”, afirmou.

Em relação às áreas prometidas conforme o que relataram os sem-terra, o secretário não confirmou.

“Eles estão confundindo com outras áreas que estamos negociando no Estado e região. Ninguém foi indicado a invadir outros locais. Pedimos apenas que deixassem o local”, reforça Serighelli.

“O Incra nos informou que não tem condições de assentar as famílias através do MLST. Uma grande parte das famílias já saiu, outras mais resistentes que não têm para onde ir. O que eles nos questionam é se existe esse documento de reintegração de posse. Nossa preocupação é que não haja nenhuma forma de confronto”, frisou o reverendo e presidente do Centro de Direitos Humanos, Luiz Carlos Gabas,

(Com informações de Eliane Alexandrino)