Cotidiano

Ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira aguarda em casa notificação de prisão

BRASÍLIA – Ex-deputado e ex-secretário de Finanças do PT Paulo Ferreira ainda não foi notificado de eventual pedido de prisão. Ele está em casa aguardando a Polícia Federal apresentar o mandado. Ferreira disse ao GLOBO que já soube pelo seu advogado, José Roberto Batocchio, que há um mandado expedido em seu nome e que irá prestar todos os esclarecimentos que forem necessários.

Ferreira afirmou que mudou de endereço recentemente e que isso pode ter levado a não ter sido encontrado pela PF.

? Estou aqui aguardando. Ninguém me procurou ainda. Parece que tem um mandado e como não me localizaram ainda já disseram até que estou foragido. Mudei de apartamento recentemente, pode ser isso. Sei que há um mandado relacionado ao Alexandre Romano.

? Qualquer solicitação (da polícia) vou comparecer. Estou na minha casa em Brasília. Estou tranquilo ? disse Ferreira, por telefone, ao GLOBO.

Ex-vereador petista, Romano delatou esquema de propina no Ministério do Planejamento no ano passado, que acabou levando à prisão, nesta quinta-feira, do ex-ministro da pasta Paulo Bernardo.

Paulo Ferreira disse ao GLOBO que agendou várias reuniões do Alexandre Romano com parlamentares do PT, mas nunca se envolveu com os negócios do ex-vereador. Ele disse ainda que Romano pagou algumas despesas da campanha dele, mas eram gastos irrisórios, que giravam em torno de R$ 5 mil. Ferreira alega ainda que não sabia do volume de dinheiro movimentado por Romano. Se soubesse, teria pedido contribuição de campanha mais significativa.

? Não tenho negócios com o Alexandre Romano. Tenho relações políticas. Ele me procurava para eu ver agenda para ele. Ele queria agenda com deputados. Com o Guimarães (José Guimarães, ex-líder do PT na Câmara), por exemplo. Eu fazia agendas para ele, mas nunca me meti nos negócios dele.

Ferreira disse que conhece Romano desde 2006 e sabia que ele atuava como consultor e como advogado. Mas sustenta que ficou surpreso quando soube, pelo noticiário da Lava-Jato, que o ex-vereador teria arrecadara, a partir de 2010, R$ 32 milhões em propina de contratos da Consist. O ex-deputado disse que lamenta ter sido acusado pelo ex-vereador de envolvimento em parte dos negócios ilícitos.

? Caí, como se diz, com as quatro patas no chão quando soube da arrecadação dele ? disse.

Ferreira foi Secretário de Finanças do PT de 2006 a 2009 e deputado federal de 2012 a 2014. Hoje trabalha como professor e assessor da bancada do PT na Câmara. Ele conversou com o GLOBO por telefone quando policiais federais o procuravam para prendê-lo.

Ferreira foi dirigente do PT gaúcho por anos e assumiu a tesouraria do PT no auge do mensalão, em 2005. Ele é casado com a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello. A petista integra o núcleo político mantido pela presidente afastada Dilma Rousseff.

No último dia 18 de maio, Tereza obteve o benefício da quarentena – seis meses de remuneração integral, R$ 30,9 mil, sem trabalhar, para evitar conflito de interesses – pela Comissão de Ética Pública da Presidência. Outros dez ministros de Dilma já obtiveram a remuneração compensatória, entre eles Carlos Gabas, também alvo da Operação Custo Brasil. Gabas foi levado a depor coercitivamente na manhã desta quinta-feira.