Cotidiano

Ex-mulher de Cabral é investigada por lavagem na compra de imóvel que recebeu 'container de obras de arte'

A força-tarefa da Lava-Jato no Rio investiga se Susana Neves comprou em nome de sua empresa um imóvel em São João del-Rei (MG) para guardar bens de valor adquiridos com recursos ilícitos da organização chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, como obras de arte, por exemplo. Há informações de que, nos meses de janeiro e fevereiro de 2017, houve o descarregamento de um “container de quadros” na casa. A suspeita é de que os bens foram usados para lavar dinheiro do esquema.

O Ministério Público Federal diz que a casa foi comprada por R$ 600 mil em nome da Araras Empreendimentos Consultoria e Serviços Ltda, sem que, aparentemente, tivesse recursos de origem lícita compatível. As descobertas foram feitas a partir das operações Calicute e Eficiência. Nesta segunda-feira, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão em Araras, Região Serrana do Rio, e São João del-Rei (MG).

LAVAGEM DE DINHEIRO

A Receita Federal detectou que a Araras Empreendimentos teve movimentação financeira incompatível com a receita bruta declarada e distribuiu lucros e dividendos incompatíveis com as receitas auferidas, nos exercícios de 2007 a 2009 e de 2011 a 2015.

Segundo as investigações, a empresa de Susana foi usada para ocultar a origem ilícita de R$ 1, 2 milhão entre 2011 e 2013, quando foram identificadas 31 transferências bancárias de recursos oriundos do grupo de empresas da empreiteira FW Engenharia, por intermédio da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, que realizou pagamentos à Araras Empreendimentos a título de serviços de consultoria em valor quase duas vezes maior que a sua renda bruta declarada. Quase 50% dos valores recebidos pela Survey da FW no período analisado pela investigação foram repassados logo em seguida para a empresa de Suzana Neves.

De acordo com o MPF, a movimentação aponta para lavagem de dinheiro pago como propina à organização criminosa em contratos que o governo do Estado do Rio firmou com a FW Engenharia. Em diligências de busca e apreensão autorizadas durante a Operação Calicute, foram apreendidas diversas anotações que indicam o pagamento de propina pela empreiteira FW Engenharia em benefício do esquema de Cabral.

Um dos contratos firmados com a empresa, no valor de R$ 35 milhões, teve por objeto a elaboração de projeto executivo e a execução de obras complementares de urbanização no Complexo de Manguinhos, comunidade beneficiada pelo PAC Favelas. A contratação foi financiada com recursos da União provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).