Cotidiano

Erdogan promete ?sangue novo? nas Forças Armadas

ANCARA — Em entrevista à agência Reuters, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que houve grandes falhas no setor de Inteligência nos dias que antecederam a frustrada tentativa de golpe militar no país, e indicou que as Forças Armadas turcas terão que ser rapidamente restruturadas.

Questionado sobre a possibilidade de uma nova tentativa de golpe, Erdogan afirmou se tratar de algo possível, ms muito improvável. “Estamos mais vigilantes” afirmou o presidente.

— Está evidente que houve falhas e deficiências claras em nossa inteligência, não há porque tentar esconder ou negar isso — afirmou. — Cobrei isso diretamente do chefe da Inteligência.

Após tentativa de golpe, mais de 60 mil soldados, policiais, juízes, funcionários públicos e professores, foram suspensos, detidos ou colocados sob investigação. De acordo com presidente, uma reunião do Conselho Militar Supremo, agendada para 1º de agosto deve ser antecipada para coordenar a reestruturação das Forças Armadas.

— Com a nova estrutura, creio que as Forças Armadas terão uma injeção de sangue novo — afirmou Erdogan. — Depois de tudo isso, acho que os militares aprenderam lições muito importantes. Esse é um processo contínuo, que nunca vai acabar.

O presidente também afirmou que não há qualquer impedimento para que o estado de emergência seja estendido além de seus três meses iniciais caso seja necessário, porém destacou que não pretende coibir as liberdades individuais.

— O estado de emergência não é um toque de recolher. As pessoas continuarão nas ruas vivendo suas vidas.

Erdogan prometeu medidas contra os seguidores do clérigo Fethullah Gülen, exilado nos EUA, e apontado como cérebro por trás da ofensiva contra o governo.

— Continuaremos a luta contra quem quer que seja. Essas pessoas se infiltraram nas organizações deste país e se rebelaram contra o Estado. faremos o que for necessário para conseguir isso. Qualquer coisa que a lei permita — afirmou o presidente, afirmando que tratará os gülenistas como “uma outra organização separatista”, semelhante aos militantes curdos que há trinta anos se rebelam contra o governo turco. — Eles são traidores. Nós os apoiamos inteiramente como cidadãos desse país, mas eles sempre foram dissimulados, e agora vemos sua verdadeira face de maneira bastante clara.