Cotidiano

Emater e Embrapa realizam ação para diminuir uso de venenos em hortaliças

Iniciativa vai atender 6,5 mil produtores; setor gera receita anual de R$ 3,3 bi no PR

Curitiba – O Instituto Emater, pertencente ao Governo do Estado, e a Embrapa, da União, firmaram termo de parceria para promover no Paraná um projeto de produção sustentável de olerícolas. Nesta safra, serão atendidos 6,5 mil produtores, organizados em 137 grupos de trabalhos. Os técnicos têm como meta reduzir em 15% os custos de produção, aumentar em 20% a produtividade das culturas e garantir às famílias uma renda mensal líquida de R$ 700. Outro grande objetivo é reduzir em 40% o volume de agrotóxicos utilizados para tratar as plantas contra o ataque de insetos pragas e doenças.

Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura, a olericultura gera uma receita bruta anual de cerca de R$ 3,3 bilhões no Paraná. A área ocupada com a cultura é de 114 mil hectares com produção de quase 3 milhões de toneladas. O negócio é desenvolvido por cerca de 40 mil famílias de agricultores.

O trabalho de parceria tem início, neste mês, com a cultura do tomate. Por isso, a partir de amanhã até quinta-feira (01), pesquisadores da Embrapa/hortaliças se reúnem em Curitiba com os 30 profissionais do Emater que vão realizar as ações de campo para repassar todas as orientações técnicas. Segundo o coordenador estadual do projeto Olericultura da Emater, engenheiro agrônomo Iniberto Hamerschmidt, o enfoque é para a produção de frutos com o mínimo de venenos, uso responsável da água na irrigação e conservação do solo.

“Uma das novidades será o aplicação do sistema de produção Tomatec, desenvolvido pela Embrapa, que preconiza, entre outras coisas, a proteção física do tomate contra o ataque de doenças e pragas usando um saquinho especial. Medida que diminui a necessidade de tratamentos químicos para cuidar do fruto resultando na colheita de um produto mais saudável para o consumidor”.

Orgânica

O extensionista do Emater acredita que a proposta tecnológica deve contribuir ainda, com o desenvolvimento da agricultura orgânica. “Hoje temos no Estado 1,8 mil famílias de produtores orgânicos certificados, com área plantada de 2,2 mil hectares e colheita de 50 mil toneladas. Temos como objetivo elevar para 2 mil o número de produtores adotadores deste sistema”, explica Iniberto.

Cada grupo de produtores atendidos terá um agricultor colaborador que vai ceder a sua propriedade para os técnicos do Emater e os pesquisadores instalarem uma plantação que vai ser considerada modelo e será usada para capacitar, de forma prática, todos os demais integrantes daquele grupo atendido.

Adapar altera portaria de semeadura e colheita de soja

A Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), empresa vinculada à Secretaria da Agricultura, emitiu a Portaria nº 189 alterando a 193 que estabelece o período de semeadura e colheita de soja no Estado. O objetivo é esclarecer que, para controle da ferrugem asiática, é importante que não haja plantas vivas de soja a campo antes de 16 de setembro. Mas não impede que a semeadura ocorra antes desse período.

Para a Adapar, esse período de vazio sanitário é fundamental para que as lavouras iniciem seu desenvolvimento sem a presença do fungo causador da doença. Se houver antecipação da semeadura, o produtor poderá colher precocemente, podendo aproveitar oportunidades para novas opções de cultivo no período da safrinha, em substituição ao plantio da soja safrinha que continua proibido no Paraná, como estratégia de combate à ferrugem asiática.

Conforme portaria em vigor, continua proibido plantar a soja no período da safrinha, entre junho a setembro. Com isso evita-se a formação de hospedeiros – por meio de plantas vivas – para os fungos da ferrugem asiática. Essa doença ameaça o desempenho da soja, principal lavoura de grãos plantada entre a primavera e o verão no Paraná.

A medida atende os interesses dos sojicultores paranaenses. “Inclusive ela é bem vista pela pesquisa agrícola porque vai resultar em menos aplicação de fungicidas nas plantas, com chance de sucesso para as lavouras que terão menos resíduos químicos”, afirmou o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara.

“Além disso, os produtores podem colher e ganham oportunidade para plantar o milho safrinha em um momento adequado para escapar de geadas intensas que ocorrem no inverno, quando a cultura ainda está se desenvolvendo”.

Riscos

A alteração na portaria permite ao produtor plantar a soja antes do calendário previsto para o início do plantio da safra de verão, desde que não haja plantas vivas de soja – ou seja, emergentes -, até 16 de setembro, data respaldada pelo seguro agrícola.

De acordo com o diretor de Defesa Agropecuária da Adapar, Adriano Luiz Riesemberg, a pesquisa agronômica recomenda o plantio da soja o mais cedo possível para que as lavouras tenham menor incidência do fungo que causa a ferrugem. Mas o produtor deve estar ciente que ao antecipar a semeadura vai correr os riscos inerentes à época de transição entre as estações do ano, como geadas de final de inverno. “Para fins de controle da doença, o que interessa é que não haja plantas vivas de soja até o dia 16 de setembro”, ressaltou.
O calendário agrícola, com respaldo do seguro rural do Proagro, prevê que o plantio de soja no Paraná seja iniciado a partir de 16 de setembro.

Ferrugem asiática

A ferrugem asiática é uma doença causada por fungos que se hospedam nas plantas vivas de soja, onde permanece viável até a próxima safra. A doença provoca grandes perdas econômicas aos agricultores, pois reduz a produtividade e aumenta os custos diante da necessidade de aplicação de fungicidas.