Cotidiano

Em sentença inédita, Justiça reconhece vínculo de emprego entre motorista e Uber

60788366_RI Rio de janeiro RJ 17-08-2016 Motoristas de Uber evitam subir em Santa Teresa . Foto Domi.jpg

RIO – O juiz da 33ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, Márcio Toledo Gonçalves, reconheceu que há vínculo empregatício entre o motorista e a Uber, na primeira decisão do país que condenou a dona do aplicativo a pagar horas extras, adicional noturno, verbas rescisórias pelo rompimento do contrato sem justa causa e restituição dos valores gastos com combustível e também com a água e balas oferecidas aos passageiros.

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?O autor estava submisso a ordens sobre o modo de desenvolver a prestação dos serviços e a controles contínuos. Além disso, estava sujeito à aplicação de sanções disciplinares caso incidisse em comportamentos que a ré julgasse inadequados ou praticasse infrações das regras por ela estipuladas?.

A Uber, por meio de nota, avisou que vai recorrer da decisão, ?já que 37ª Vara do Trabalho da mesma cidade, no dia 31 de janeiro de 2017, determinou exatamente o oposto ? ausência de vínculo empregatício entre a Uber e um motorista parceiro. Já existe precedente judicial que confirma o fato de que não há relação de subordinação da Uber sobre seus parceiros?, afirmou a empresa.

Segundo a sentença, a Uber ?camuflava exigência por meio de orientações ou sugestões dadas aos motoristas?. A tática, de acordo com o juiz, consistia em ditar um padrão de atendimento ?como o oferecimento de água e guloseimas, para que os clientes avaliem negativamente aqueles motoristas que não estejam cumprindo o modelo de excelência. Por conseguinte, com receio de não ser bem classificado pelo passageiro, todo trabalhador se vê obrigado a observar tais práticas?, diz o juiz na sentença.

A Uber afirma que há ?liberdade para que o motorista parceiro escolha suas horas on-line, sem qualquer imposição por parte da Uber, a liberdade para não aceitar e cancelar viagens e a relação não-exclusiva entre o motorista parceiro e a Uber, que permite que os mesmos prestem o serviço de transporte individual de passageiros também por meio de outras plataformas?.

As decisões até agora sobre o tema tinham sido favoráveis à empresa do aplicativo de transporte.

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