Cotidiano

Em conversa, Sarney e Machado falam em ?ditadura da Justiça?

RIO – Em mais uma conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o ex-presidente José Sarney e Machado reclamam da operação Lava-Jato, do juiz Sérgio Moro, e do que chamaram de “ditadura da Justiça”. O áudio inédito foi divulgado pelo ?Jornal Nacional? nesta quinta-feira.

MACHADO ? Não teve um jurista que se manifestasse. E a mídia tá parcial assim. Eu nunca vi uma coisa tão parcial. Gente, eu vivi a revolução […]. Não tinha esse terror que tem hoje, não. A ditatura da toga tá f***.

SARNEY ? A ditadura da Justiça tá implantada, é a pior de todas!

MACHADO ? E eles vão querer tomar o poder. Pra poder acabar o trabalho.

Machado e Sarney também criticam as nomeações que a presidente Dilma Rousseff fez para o Supremo Tribunal Federal (STF).

SARNEY ? E com esse Moro perseguindo por besteira.

MACHADO ? Presidente, esse homem tomou conta do Brasil. Inclusive, o Supremo fez porque é pedido dele. Como é que o Toffolil e o Gilmar fazerm uma p*** dessa? Se os dois tivessem votado contra, não dava. Nomeou uns ministro de m*** com aquele modelo.

SARNEY ? Todos.

Gravações de conversas entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e caciques do PMDB divulgadas esta semana indicam articulações políticas para tentar barrar a Lava-Jato. Em um dos áudios, reproduzido na noite de quarta-feira pelo “Jornal da Globo”, o presidente do Senado Renan Calheiros fala com Machado e com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) em como acessar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava-Jato Teori Zavascki. O grupo cita o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha e o advogado Eduardo Ferrão. Em outro diálogo entre Renan e Machado, os dois fazem críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chamado de “mau caráter”, e a políticos.

Machado fez delação premiada na Lava-Jato, já homologada por Zavascki. Numa série de depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República, ele falou sobre a arrecadação de dinheiro de origem ilegal para políticos aliados, entre eles Sarney, Renan e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR). Um áudio envolvendo Jucá, divulgado na última segunda-feira, acabou levando a sua saída do governo de Michel Temer.