Cotidiano

Eduardo Cunha votou pela cassação de dois colegas

BRASÍLIA – Apesar dos apelos aos colegas para preservarem seu mandato na votação marcada para esta segunda-feira, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), votou a favor da cassação de ao menos dois deputados nos últimos anos. Desde que o voto para este tipo de sessão passou a ser aberto, Cunha contribuiu com seu ?sim? para cassar André Vargas (ex-PT-PR), também envolvido no escândalo de corrupção na Petrobras, e Natan Donandon (ex-PMDB-RO), condenado por peculato e formação de quadrilha.

A partir do momento em que seu processo começou a avançar na Câmara, Cunha passou a sustentar um discurso de sensibilização dos deputados com o argumento de que, quem está julgando hoje, poderá ser julgado amanhã. Mas, no passado, o deputado afastado pareceu não levar isto em conta e votou a favor da cassação dos dois ex-colegas.

A sessão que cassou André Vargas ocorreu em 12 de dezembro de 2014 e teve 359 votos a favor, apenas um contrário e seis abstenções. Antes, com Donadon, no dia 12 de fevereiro de 2014, o placar fora ainda mais esmagador: foram 467 votos sim e uma abstenção. Apenas seis meses antes, Donandon havia sido absolvido pelo mesmo plenário, quando a votação para cassação de mandato ainda ocorria por meio de voto secreto.

Na ocasião, o advogado Michel Saliba, responsável pela defesa de Donadon na Câmara, lembrou que aquele era um ano eleitoral ? assim como este ano ? e que, com o voto aberto, os deputados se sentiriam compelidos a votar a favor da cassação.

? Os deputados estão votando com uma espada de Dâmocles apontada na cabeça porque aquele painel refletirá o resultado que se propagará na mídia, em um ano eleitoral. O voto aberto traz, indiscutivelmente, um risco a uma das conquistas da democracia ? afirmou Saliba.

Procurado pelo GLOBO por meio de mensagem de texto para comentar seus votos nestas duas ocasiões, Cunha não respondeu.