Cotidiano

Donos querem transformar restaurantes em santuários para proteger imigrantes

CHICAGO ? De lanchonetes a centros de gastronomia de luxo, os donos de vários restaurantes pelos EUA querem transformar os estabelecimentos em santuários para proteger seus funcionários da deportação. Em um setor com muita mão-de-obra imigrante, os empregados são potenciais alvos das políticas prometidas pelo novo presidente, Donald Trump, com a sua incendiária retórica xenofóbica. Nesta quarta-feira, o republicano recém-empossado promete assinar decretos presidenciais para impulsionar a construção de um prometido muro na fronteira com o México e banir temporariamente a entrada da maior parte dos refugiados

A designação de santuário é, sob inspiração das igrejas, um recurso que cidades e instituições públicas vêm buscando para oferecer proteção aos imigrantes que vivem nos EUA sem visto de residência. Dentre as proteções desejadas, incluem-se a a proibição à polícia de perguntar aos cidadãos sobre a sua situação migratória ou o direito de negar-se a cooperar com agentes federais. Até o momento, a iniciativa conta com a participação de 80 restaurantes espalhados por Nova York, Minneapolis, Detroit, Boston, Oakland, Califórnia e Ann Arbor, no estado do Michigan.

O movimento, no entanto, é, em grande parte, apenas simbólicos. Os restaurantes são sujeitos a leis e regulações trabalhistas. E uma designação de santuário não poderá impedir que agentes federais detenham um dos funcionários sem permissão para residir nos EUA.

Com cartazes em suas janelas para declarar sua condição de santuários, os estabelecimentos aceitam políticas contra a discriminação e recebem formação sobre direitos civis. Por exemplo, participam de seminários pela internet sobre como pedir a documentação adequada a agentes federais, se houver uma tentativa de entrada pelas autoridades. Alguns também oferecem línhas de mensagens de texto para que clientes ou funcionários relatem qualquer incidente de assédio.

Em Detroit, um restaurante que serve sanduíches e panquecas tem um cartaz para mostrar a quem passa pela porta: “Restaurante santuário, um lugar na mesa para todo o mundo”. O proprietário, Ben Hall, se identifica como mestiço e decidiu se unir à campanha depois de ter ouvido comentários rcistas de alguns clientes.

? Se alguém tem a necessidade de insultar alguém…então não podem participar ? diz Hall.

Os organizadores da iniciativa dizem que esta é uma resposta à incerteza diante do novo governo de Trump. O presidente construiu sua campanha sobre promessas de aumentar as deportações e construir um muro na fronteira mexicana. Os membros da campanha argumentar que o seu setor é mais vulnerável do que outros às novas políticas, por conta do grande número de trabalhadores imigrantes.

A indústria de restaurantes dos EUA tem cerca de 12 milhões de trabalhadores, dos quais a maioria é de imigrantes. Em cidades grandes, como Nova York e Chicago, o índice de imigrantes chega a 70% no setor.