Cotidiano

Donald Trump alcança delegados suficientes para ser eleito presidente dos EUA

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WASHINGTON e NOVA YORK – O magnata republicano Donald Trump fez História e, contra todas as previsões, alcançou delegados suficientes no Colégio Eleitoral para ser eleito o novo presidente dos Estados Unidos, derrotando a democrata Hillary Clinton, ex-secretária de Estado. Ao ser projetado vencedor pela AP em Pensilvânia e Wisconsin, bateu a marca requerida de 270 representantes no sistema distrital para ser eleito. A mera possibilidade de sua vitória derrubara o mercado futuro em Dow Jones, bolsas na Ásia na abertura do pregão pela manhã no continente, e fez o peso mexicano sofrer sua maior baixa histórica. Hillary não havia admitido abertamente a derrota até a última atualização desta matéria. TRUMP CONTEÚDO

Apesar de a apuração começar sem surpresas, a maré começou a virar a favor de Trump após vitórias nos estados-chave de Flórida, Carolina do Norte, Ohio, Geórgia e Iowa. Com a conquista de delegados nos locais, muito disputados com Hillary, ele ficou com um caminho cada vez mais aberto para consolidar sua vitória.

“Essa equipe tem muito do que se orgulhar. O que quer que aconteça esta noite, obrigada por tudo”, escreveu Hillary no Twitter, por volta da meia-noite (hora de Brasília) quando os republicanos começavam a ampliar sua vantagem na apuração.

O chefe da campanha de Hillary, John Podesta, apareceu tarde da madrugada, naquele que seria o evento de vitória, apenas para pedir ao público que fosse para casa. Sem declarar derrota.

? Podemos esperar mais um pouco, não podemos? Ainda há muitas corridas a serem definidas. Hillary não falará hoje ? minimizou, pedindo às pessoas que fossem para casa. ? Estamos muito orgulhosos de vocês e dela.

A contragosto, muitos republicanos que haviam se negado a apoiar Trump comemoraram a escolha popular.

? Uma mensagem que veio alta e clara nesta eleição é que os americanos querem progresso agora ? disse o senador reeleito John McCain.

DIA DE TENSÃO

Trump votou em uma escola perto da Trump Tower, em Manhattan, sob vaias de simpatizantes da sua rival, que gritavam “Nova York te odeia!”. Com o semblante sério, o republicano votou na cabine ao lado de sua esposa, Melania. “Foi uma escolha difícil”, brincou depois. O país dividido em trincheiras opostas surgiu novamente numa ação na Justiça que o Partido Republicano deu entrada em Nevada tentando impugnar votos tidos como favoráveis aos democratas e em relatos de intimidação a eleitores em vários estados. O processo foi vetado por uma juíza.

No comitê de Hillary em Nova York, cada vitória da democrata era comemorada como se fosse uma partida de futebol, enquanto notícias positivas de Trump eram recebidas com vaias. Ao longo da noite, porém, as pessoas foram indo embora sem esperar o resultado final, à medida que a noite avançava.

Os primeiros resultados parciais durante o dia indicavam uma grande participação, o que, em tese, beneficiaria Hillary ? analistas indicam que os democratas têm melhores resultados em eleições com grande participação, pois o voto não é obrigatório.

O clima de apreensão foi alimentado pelos sinais desencontrados nas pesquisas, que, na reta final, ora indicavam vantagem de Hillary na votação nacional, ora davam projeções mais favoráveis a Trump nas simulações dos resultados dos estados que definem os votos do Colégio Eleitoral. Na manhã de ontem, em entrevista, ainda com as pesquisas na cabeça prevendo sua derrota, Trump se recusou a antecipar se reconheceria o resultado das eleições se lhe fossem desfavoráveis. As reações dos eleitores de Hillary e Trump durante a apuração

Na disputa pela Câmara dos Representantes, a briga pelas 435 cadeiras não indicou grandes alterações na composição da Casa. Com 129 congressistas eleitos, projeções apontavam que os republicanos devem se manter no controle. Na disputa pelo Senado, a batalha estava imprevisível, mas, ao final, os republicanos teriam perdido apenas uma cadeira, mantendo a vantagem.

Bilionário e ex-estrela de televisão, Trump, aos 70 anos, nunca havia sido eleito, mas soube interpretar como ninguém – e contra todos os prognósticos – os temores de uma classe média branca frustrada em um mundo em transformação. Tido como anti-imigrante e sexista, impulsivo e corrosivo, denunciado por várias mulheres que disseram ter sido abusadas por ele, marcou para sempre um estilo de fazer campanha política. A cúpula do Partido Republicano praticamente lhe deu as costas abertamente.

(Colaborou Henrique Gomes Batista)