BEIRUTE ? A intensificação dos combates e ataques à rede de eletricidade em Aleppo, no Norte da Síria, deixaram dois milhões de sírios sem acesso a água potável procedente da rede pública, afirmou na terça-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Segundo o órgão da ONU, os ataques de 31 de julho causaram sérios danos à estação de transporte de energia elétrica de Aleppo, que alimenta o bombeamento de água para as partes oriental e ocidental do município.
As autoridades conseguiram restabelecer uma linha de energia alternativa na quinta-feira passada, mas a estrutura foi danificada em menos de 24 horas por ataques, prejudicando os esforços de reparação.
A ONU pediu uma pausa nos combates para poder alcançar de forma imediata 1,5 milhão de habitantes bloqueados em Aleppo, onde o regime e os rebeldes se preparam para uma batalha decisiva.
Nas últimas semanas estão sendo registrados intensos combates dentro e nos arredores da, dividida em bairros controlados pelos insurgentes, no leste, e em zonas pró-governamentais, no oeste.
PAUSA HUMANITÁRIA
Em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira, o coordenador humanitário da ONU para a Síria, Yacub el Hillo, e o coordenador regional Kevin Kennedy pediram uma pausa humanitária nos combates.
?A ONU está disposta a ajudar a população civil de Aleppo, uma cidade unida pelo sofrimento?, afirmou a organização. ?Mas precisa de ao menos um verdadeiro cessar-fogo ou pausas humanitárias semanais de 48 horas para ter acesso às pessoas necessitadas e para reabastecer as reservas de alimentos e remédios, que estão a um nível perigosamente baixo?.
Os rebeldes se apoderaram no sábado de uma grande parte do distrito governamental de Ramusa, na periferia sul de Aleppo, o que lhes permitiu alcançar os bairros rebeldes, romper seu cerco e bloquear a principal rota de abastecimento dos bairros pró-regime.
Mas as forças pró-governamentais encontraram uma rota alternativa e conseguiram, na noite de domingo, fazer chegar aos seus bairros de Aleppo caminhões de ajuda através da rota do Castello, retomada recentemente dos rebeldes.
Dezenas de caminhões com alimentos e combustível entraram antes do amanhecer nos bairros pró-regime, depois que os moradores compraram em massa alimentos e água por medo de um cerco total.
Os dois grupos podem, assim, enviar alimentos e outros produtos aos seus setores, mas estas vias de abastecimento não são suficientemente seguras para os civis.
A guerra na Síria, iniciada em março de 2011 após a repressão de manifestações pró-democracia, se tornou mais complexa com o envolvimento de atores internacionais e grupos extremistas.